Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Impasse do Orçamento mostra limitação das bravatas de Bolsonaro

Acordo recauchutado revela fragilidades tanto do governo quanto do Congresso

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Governo e Congresso sacaram suas armas, mas ninguém quis atirar agora. A proposta recauchutada de divisão do Orçamento mostrou as limitações da política exercida com base na bravata e revelou fragilidades dos dois lados.

Há cerca de 20 dias, o Planalto costurava os detalhes de um acordo com os parlamentares para rachar R$ 30 bilhões que estavam em disputa nas contas deste ano. No meio do caminho, o general Augusto Heleno implodiu as conversas e acusou o Legislativo de chantagem. Ou não havia extorsão nenhuma ou o governo decidiu negociar com os vigaristas.

A nova oferta feita por Jair Bolsonaro nesta terça (3) aos deputados e senadores para tentar encerrar a tensão entre os dois Poderes tem efeito semelhante à que havia sido feita antes do embate —R$ 15 bilhões para cada lado. O presidente deu aval, na prática, à mesma proposta que o levou a emparedar o Congresso.

Coalhado de intimidações, o vaivém no processo de negociação abala, em certa medida, a estratégia de Bolsonaro de governar pelo medo. O presidente ameaçou apelar às ruas para obrigar o Congresso a seguir seus desejos e devolver a verba, mas acabou precisando recuar.

A situação é tão delicada que Bolsonaro decidiu negar a realidade para acalmar seus apoiadores. Nas redes, o presidente afirmou que não houve negociação com o Congresso, embora sua assinatura esteja nos projetos que podem dar origem à partilha.

O episódio mostra que nenhum ator teve força suficiente para impor a própria vontade. A Câmara chegou a indicar que atropelaria as negociações e manteria o controle sobre todo o dinheiro. Um grupo de senadores considerado mais sensível às demandas das ruas e das redes sociais bloqueou o contragolpe.

Diante da tensão das últimas semanas, o resultado em construção não é necessariamente ruim para Bolsonaro. Ele agitou mais uma vez sua base, ainda que tenha sido empurrado para uma solução intermediária. O Congresso sabe, porém, que este não foi o último duelo.

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