Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Na crise, Bolsonaro só quer saber de fugir de responsabilidades

Presidente transfere culpa e joga para a plateia em busca de proteção

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Jair Bolsonaro só pensa no próprio poder. O presidente ameaçou derrubar com uma canetada as medidas de isolamento para conter o avanço do coronavírus. Apesar de fingir coragem, ele sugere que não quer ser responsabilizado pela tragédia que essa ordem pode causar.

"O que os governadores mais querem é que eu tome uma decisão para trazer o problema para o meu colo. Dali para a frente, qualquer morte que acontecer, começar a me culpar", disse nesta quinta (2). "Essa que é a minha preocupação no momento."

Bolsonaro, como se vê, continua tratando com desdém os alertas das autoridades de saúde sobre os riscos de se lançar milhões de pessoas de volta ao trabalho. A única estratégia do presidente durante a crise é abrir mão de suas responsabilidades.

Ao alimentar a campanha pela retomada das atividades, Bolsonaro tentou transferir novamente aos governadores o ônus pela freada brusca da economia. Atacou o paulista João Doria e afirmou que líderes estaduais que decretaram restrições contra a Covid-19 não devem pedir ajuda para pagar suas contas.

Bolsonaro concede uma entrevista ao vivo para o jornalista Augusto Nunes, do programa Os pingos nos Is , da Radio Jovem Pan - Joven Pan News no Youtube

"Quer agora vir para cima de mim? Não, ele tem que se responsabilizar pelo que ele fez", disse a um grupo de pastores, na portaria do Palácio da Alvorada. "Não vai cair no meu colo essa responsabilidade."

Em sua rota de fuga, o presidente joga para a plateia. Pela manhã, ele pediu que seus seguidores compartilhassem um vídeo em que uma professora pede que militares reabram as lojas. Mais tarde, ele explicou a manipulação: "Você sabe que existe gente poderosa ali em Brasília que espera um tropeção meu. Eu estou esperando o povo pedir mais".

Para reduzir seu próprio desgaste político com a crise, o presidente tenta transformar suas bases mais fiéis em tropas de choque. Parte daí seu novo esforço de aproximação com grupos evangélicos. Além de advogar pela retomada de cultos religiosos, Bolsonaro agora propõe um dia de jejum em todo o país.

"Em nome de que o Brasil fique livre desse mal o mais rápido possível", completou."‹

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