Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Bruno Boghossian

Bolsonaro poderia passar o cargo para um ator de Malhação

Sem aptidão para o cargo, presidente já mostrou que não tem interesse em governar

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Se um ator de "Malhação" se oferecesse para assumir seu lugar, Jair Bolsonaro seria capaz de aceitar a proposta. O presidente jamais mostrou aptidão para o cargo. Cada vez mais, ele também deixa claro que não tem interesse em governar.

Almoço de Jair Bolsonaro com o ator Mário Frias (de camisa azul, atrás do presidente)
Almoço de Jair Bolsonaro com o ator Mário Frias (de camisa azul, atrás do presidente) - Reprodução/Instagram/drtannure

Depois de obrigar o Ministério da Saúde a recomendar um medicamento sem eficácia comprovada contra o coronavírus, Bolsonaro tentou novamente fugir de suas responsabilidades. "O que é a democracia? Você não quer? Você não faz. Você não é obrigado a tomar cloroquina", disse, na última terça (19).

O presidente não estimulou o desenvolvimento de nenhum protocolo sério para o tratamento da doença nem se esforçou em organizar o sistema de saúde para enfrentar momento críticos. Investiu na instabilidade e preferiu fazer piada na data em que o país registrou mais de mil mortos em 24 horas.
Bolsonaro poderia trocar o slogan do governo para "salve-se quem puder". Além de transferir para cidadãos leigos a escolha do tratamento de uma doença ainda desconhecida, ele já declarou que "o brasileiro tem que entender que quem vai salvar a vida dele é ele, pô!".

O presidente também usa um conceito falso de democracia para justificar as barbeiragens de um governo omisso. Nesta quarta (20), uma secretária do Ministério da Saúde disse que a orientação sobre a cloroquina foi fruto de "um clamor da sociedade", como se não houvesse técnicos para chancelar essa decisão.

A mesma lógica levou o ministro da Educação a prometer uma enquete entre os estudantes inscritos no Enem para definir se a prova seria adiada por causa da pandemia. A ideia era seguir a opinião da maioria, mesmo que uma parcela significativa de alunos fosse prejudicada.

O governo optou pelo adiamento da prova, mas não para proteger jovens de baixa renda que não teriam condições de estudar pela internet. Bolsonaro só recuou ao perceber que sofreria uma derrota humilhante nas votações do Congresso sobre o tema. A democracia funcionou."‹

LINK PRESENTE: Gostou desta coluna? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.