Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian

Contra lei, empresas e juízes buscam jeitinho na fila da vacina

Não durou 24 horas a tentativa de cobrar civilidade mínima da iniciativa privada

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Não durou 24 horas a tentativa de cobrar o mínimo de civilidade da iniciativa privada na compra de vacinas. Assim que foi assinada a lei que permite a aquisição e obriga a doação das primeiras doses ao sistema público, surgiram grupos interessados em aproveitar o benefício e esquecer a contrapartida.

A regra foi criada para garantir a proteção de segmentos vulneráveis e evitar a criação de uma vacinação paralela. A lei determina que todas as doses compradas sejam entregues ao SUS até que os grupos prioritários estejam imunizados. Mesmo depois disso, metade das vacinas devem ficar com o setor público.

A operação fura-fila foi puxada por juízes, clínicas particulares e empresários. Horas depois da publicação da lei que criou as regras para a compra, na quarta (10), uma vara federal de Brasília autorizou a Associação Nacional dos Magistrados Estaduais a importar vacinas imediatamente para filiados e suas famílias.

O grupo de juízes argumentou que estava exposto "a níveis maiores de risco de contaminação pelo vírus". A decisão judicial permite a compra das vacinas sem citar a necessidade de doação para a fila pública.

A associação de clínicas particulares de vacinação também anunciou que vai aos tribunais para ficar com todas as vacinas que forem compradas. A entidade negocia a importação de 5 milhões de doses. A ideia é imunizar quem puder pagar por elas.

Outros empresários querem driblar a exigência da lei e importar vacinas para seus funcionários, sem ter que entregar as doses para os grupos prioritários no SUS. Carlos Wizard Martins disse ao jornal Valor Econômico que já procurou o governo e estuda medidas judiciais.

Para o médico e advogado sanitarista Daniel Dourado, a vacinação privada num momento de escassez na rede pública é um problema ético e sanitário. "Comprar e não doar é furar fila. Não tem outra interpretação possível", diz. "Se uma empresa vender ou vacinar alguém que poderia esperar, vai faltar vacina para uma pessoa do grupo prioritário."

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