Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Custo político aumenta, e governo empurra economia com a barriga

Com crise e popularidade em baixa, Bolsonaro tapa buracos para evitar danos

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Jair Bolsonaro ficou longe das câmeras e mandou o ministro de Minas e Energia dar a notícia amarga na TV. Bento Albuquerque caprichou nos adjetivos: descreveu a crise hídrica como um momento de "preocupante escassez", que exigia um "esforço inadiável" da população. Só não quis falar com todas as letras do aumento da conta de luz e do risco de apagão.

O agravamento do cenário energético e a lentidão da retomada das atividades no país aumentaram o custo político desses problemas para Bolsonaro. Com a popularidade em baixa e uma crise permanente no colo, o presidente perdeu as condições de pagar essa fatura e passou a direcionar esforços para empurrar com a barriga os apertos da economia.

Apesar dos sinais, o governo conduz de maneira escorregadia os planos para evitar a falta de luz. Depois de falar em rede nacional, Albuquerque disse à CNN que o "risco de racionamento hoje é zero". Logo depois, o vice Hamilton Mourão foi em outro sentido: "pode ser que tenha que ocorrer algum racionamento".

Auxiliares do presidente tapam buracos para evitar que as tensões econômicas provoquem ainda mais danos políticos a Bolsonaro num momento delicado. O ministro da Casa Civil, por exemplo, celebrou o último resultado do PIB, que apontou uma recuperação lenta do país. Ele chamou de pessimistas aqueles que dizem que "a economia está ruim".

O governo prefere maquiar essas preocupações porque tem poucos instrumentos para reverter o quadro no curto prazo. A injeção de dinheiro nas faixas mais pobres da população com o novo Bolsa Família continua no papel, sem espaço no Orçamento. Alguns integrantes do Planalto reconhecem que o plano pode ficar para depois, com mais uma prorrogação do auxílio emergencial.

Bolsonaro busca amortecer o mau humor provocado pela retomada desigual da economia, pelas dificuldades das camadas mais pobres da população e pelas pressões no setor elétrico. O comportamento do governo, no entanto, só deve adiar esses problemas. Eles estarão aí em 2022.

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