Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Alckmin dá passo rumo a Lula e ensaia discurso para fora da esquerda

Ex-tucano mostra primeiras pistas de como vai tentar convencer eleitor a migrar para chapa petista

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Geraldo Alckmin assinou a filiação ao PSB com um discurso voltado para fora das fileiras da esquerda. Depois de meses de poucas palavras, o ex-tucano ensaiou as primeiras justificativas de sua migração para o campo de Lula e deu uma pista de como vai tentar convencer alguns de seus antigos pares a fazer o mesmo.

A principal função eleitoral de Alckmin será expandir o alcance da candidatura petista, atraindo eleitores que circulavam em sua antiga vizinhança tucana. O esforço inicial envolve reduzir as resistências de um grupo que, por décadas, foi alimentado à base de antipetismo.

O ex-governador quer zerar esse jogo. Alckmin disse três vezes que o país atravessa um "momento excepcional", como se pedisse autorização para enfrentar uma situação crítica com medidas emergenciais.

A função do ex-tucano será persuadir uma fatia do eleitorado de que, ainda que Lula possa parecer uma solução heterodoxa, a reeleição de Jair Bolsonaro representa um risco maior. O argumento central é que a aliança com o PT é necessária para conter uma ameaça à democracia.

Geraldo Alckmin cumprimenta a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, durante cerimônia de filiação ao PSB - Pedro Ladeira/Folhapress

Alckmin também indicou que vai trabalhar para suavizar a imagem de Lula nesse nicho. Ele afirmou que o ex-presidente "representa a própria democracia" (para apagar a imagem de um petismo autoritário) e está habilitado para retomar o desenvolvimento econômico (para amenizar as lembranças da crise iniciada no governo Dilma Rousseff).

O ex-tucano já inaugurou essa missão. Embora tenha afirmado que não precisa "acalmar o empresariado", Alckmin disse numa entrevista coletiva após o ato de filiação que Lula deu um "exemplo de responsabilidade fiscal" em seus governos e que o petista deve seguir o caminho da conciliação ao elaborar medidas para a economia.

Dirigentes do PT sabem que Alckmin não vai produzir um arrastão de eleitores de centro e centro-direita em direção a Lula. A ideia é evitar que ao menos alguns deles, desiludidos com a terceira via, repitam a rota de 2018 até o colo de Bolsonaro.

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