Lula diz que é preciso regulamentar as redes sociais

Em entrevista na Bélgica, petista afirma que 'digitalização' não pode ser usada para o mal

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São Paulo

O ex-presidente Lula disse durante viagem pela Europa que é preciso regulamentar as redes sociais.

O petista afirmou em Bruxelas que é necessário colocar parâmetros e que não se pode permitir que a "digitalização da sociedade seja usada para o mal". As declarações foram dadas em entrevista, veiculada nesta quinta-feira (18), ao grupo Socialistas & Democratas, bloco político do Parlamento Europeu.

Ex-presidente de terno e gravata gesticula em lobby de edifício
Lula durante entrevista em Bruxelas, para o grupo S&D, na quinta-feira (18) - Reprodução

O petista respondia a uma pergunta sobre os riscos para a democracia com a manipulação das redes. Lula começou com uma menção à eleição do americano Donald Trump, em 2016, atribuìda por ele a "um processo de mentiras".

"No Brasil, nós temos um presidente que conta cinco mentiras por dia através das redes sociais. Isso não nega a democracia... Isso só alimenta a necessidade de vivermos mais democraticamente. Porque nós vamos ter que regulamentar as redes sociais", disse Lula.

Ele acrescentou: "Vamos ter que regulamentar a internet, vamos ter que colocar um parâmetro. Uma coisa é você utilizar os meios de comunicação para você informar, para você educar. Outra coisa é para fazer maldade. Outra coisa é para contar mentira. Para causar prejuízo à sociedade".

Lula afirmou ainda que donos de aplicativos não pagam impostos, estão estabelecidos em paraísos fiscais e precisam ter responsabilidade, por exemplo, para atuar contra incitação ao suicídio.

O ex-presidente concluiu afirmando que a regulamentação serviria para evitar que espertos e maldosos não virem "donos da humanidade através da manipulação de algoritmos".

"A esquerda não tem que ter medo de debater esses temas, por mais difícil que pareçam. A solução é o debate."

Lula está desde a semana passada em viagem pela Europa. Ele foi recebido por líderes como o presidente francês Emanuel Macron, o espanhol Pedro Sánchez e discursou no Parlamento Europeu. Macron é desafeto do presidente Jair Bolsonaro, com quem tem atritos desde 2019.

Ao longo deste ano, Lula voltou a defender em discursos a regulamentação dos meios de comunicação.

A iniciativa do ex-presidente causou desconforto em setores do partido que temem dar munição aos críticos do PT em um momento de articulação visando as eleições de 2022.

Possível adversário do ex-presidente na eleição presidencial, o ex-juiz Sergio Moro, responsável pela condenação que levou Lula à prisão em 2018, criticou as afirmações dele na entrevista na Bélgica.

"Combater a desinformação e a mentira é fundamental, mas isso não pode servir de pretexto para qualquer tentativa pelo PT de censura ou controle da mídia e/ou das redes sociais."

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