Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bolsonaro tirou eleição de domingo do terreno da normalidade

Presidente chega à votação sem garantia de respeitar resultado e usa risco de tumulto a seu favor

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Em dois programas de TV de grande audiência, Jair Bolsonaro teve oportunidade de explicar o que fará se perder a eleição. No Jornal Nacional, o presidente sugeriu que só aceita o resultado se os militares, que seguem suas ordens, atestarem a transparência da votação. No debate da Globo, ele simplesmente fugiu de uma pergunta sobre o assunto.

Bolsonaro fabricou a fantasia de que há uma conspiração para manipular a eleição, tirá-lo do cargo e, em suas palavras, "roubar a liberdade" de seus apoiadores. Não foram raras as vezes em que ele convocou uma reação violenta —como no discurso em que pediu ao público que jurasse dar a vida por sua causa.

A esta altura, ninguém deveria esperar do presidente um compromisso com a democracia. Depois de anos de disseminação de falsas suspeitas sobre o processo eleitoral, nem faria muita diferença. Mas o comportamento de Bolsonaro mostra que ele escolheu chegar ao dia do primeiro turno com uma tropa mobilizada para a conflagração.

O presidente levou a eleição deste ano para o terreno da anormalidade. Esta é uma disputa em que o TSE precisou criar restrições para atiradores, tratados pelos bolsonaristas como uma guarnição política. A corte também teve que proibir o porte de armas perto dos locais de votação, para evitar casos de intimidação e violência.

Esta também é uma eleição em que apoiadores do presidente fazem convocações abertas para uma invasão ao STF e ao Congresso caso ele não vença no primeiro turno. Qualquer ponto de contato com a retórica do capitão não é mera coincidência.

Bolsonaro deixa claro que, diante de um risco de derrota, aposta num tumulto durante e depois da votação. Há poucos dias, ele usou uma informação falsa para dizer que o Exército poderia fechar seções eleitorais. No ano passado, falava no perigo de uma "convulsão social" caso um dos lados não aceitasse o resultado. O presidente não apenas se recusa a desarmar essa bomba como explora a ameaça a seu favor.

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