Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Descrição de chapéu América Latina

Declaração sobre eleições manda bola para os pés de Maduro

Participação do Brasil apressa ajustes suaves de Lula sobre democracia na Venezuela

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A declaração assinada em Bruxelas por eleições justas na Venezuela manda a bola para Nicolás Maduro. A oposição do país pode participar de quantas reuniões quiser, mas quem vai definir se a disputa merece o adjetivo é o regime que controla as instituições, concentra autoridade política e opera o poder econômico.

A participação de Lula na jogada apressou um suave ajuste de posição. O presidente defendia que Maduro mostrasse ao mundo que é capaz de vencer eleições livres e transparentes, mas a assinatura no documento fez com que o petista tivesse que afinar ao menos três pontos durante sua passagem pela Bélgica.

Primeiro, Lula topou se sentar com a oposição venezuelana, ao lado de líderes de Argentina, Colômbia, França e União Europeia. Há poucas semanas o presidente brasileiro se referiu aos adversários de Maduro como "gente que não quer aceitar o resultado" das eleições no país.

A número 2 do regime da Venezuela, Delcy Rodríguez, os presidentes Lula, do Brasil, e Emmanuel Macron, da França, e, na ponta, Gerardo Blyde, negociador da oposição venezuelana; de costas, os presidentes Gustavo Petro, da Colômbia, e Alberto Fernández, da Argentina, em Bruxelas, na segunda (17) - Emmanuel Dunand/Pool via AFP

Na saída do encontro, o petista falou em "normalizar a situação na Venezuela". É provável que Lula desse mais peso às sanções econômicas impostas ao país do que às violações democráticas do regime, mas reconhecer que há algo anormal pode ser considerado um passo relevante para alguém que se concentrava em criticar narrativas contra Maduro.

A declaração assinada pelo Brasil é mais exigente do que o conceito de democracia relativa que Lula já adotou para defender o regime venezuelano. Recentemente, o petista ironizou acusações contra Maduro com a constatação de que "a Venezuela tem mais eleições do que o Brasil".

O documento de Bruxelas determina que realizar eleições não é o bastante. Elas devem ser "justas para todos, transparentes e inclusivas", além de permitir a participação de opositores de acordo com a lei e contar com o acompanhamento de observadores internacionais (algo que alguns aliados de Maduro rejeitam).

Lula subscreveu às exigências. O petista está mais interessado na contrapartida que prevê uma suspensão das sanções americanas à Venezuela, mas o fato é que seu nome está lá.

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