Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Lula negocia cargos, mas ainda tenta trocar centrão por varejo

Presidente prefere desbaratar bloco e aumentar influência direta do Planalto sobre cada partido

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A campanha nem tinha começado quando Lula procurou as primeiras fendas no grupo que manda no Congresso. "A imprensa nos induz ao erro quando diz que o centrão está todo com o Bolsonaro", disse. Era maio de 2021, e o petista se recusava a reconhecer a turma como um bloco só. "Vamos conversar individualmente com cada partido político."

Lula levou a teoria para o Planalto. Ainda que negocie a adesão em massa desse grupo ao governo, o presidente sentenciou na última terça (27) que "o centrão não existe". "Eu não quero conversar com o centrão como organização. Eu quero conversar com o PP, eu quero conversar com o Republicanos…", declarou.

O fortalecimento do centrão e as barganhas presidenciais com o bloco concentraram muito poder nas mãos de poucos líderes do grupo. Nos últimos tempos, esses mandachuvas aumentaram o controle sobre a distribuição de cargos e emendas. Centenas de deputados e senadores passaram a agradecer a esses chefes, não mais ao Planalto.

Lula deixou claro que topa manter abastecidos esses parlamentares, mas gostaria de pulverizar as transações. Em vez de apenas contratar Arthur Lira como intermediário na Câmara, o presidente prefere negociar com dirigentes de cada partido ou diretamente com os deputados.

O ideal, segundo o plano, seria desbaratar o centrão como estrutura única e permitir que o Planalto tenha influência sobre o comportamento das bancadas separadamente. Assim, o governo incentivaria cada partido a buscar vantagens, favoreceria defecções e reduziria o poder de chantagem do comitê atual.

O Planalto sabe que a missão não é simples. Lula já colheu fracassos na bancada da União Brasil mesmo depois de negociar três ministérios com o presidente da legenda, Luciano Bivar. Além disso, quando precisou aprovar projetos importantes, o governo recorreu a Lira e seus aliados em busca de votos no atacado. Para completar, a manobra é arriscada, pois pode provocar a reação de um grupo que ainda é poderoso.

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