Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Contradições sobre joias cercam Bolsonaro em dia de depoimentos

Avanço de inquérito desmonta versões e expõe ex-presidente a ponto crítico com a PF

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Jair Bolsonaro passou dias em treinamento para explicar à Polícia Federal sua lucrativa vocação para o ramo da joalheria. O avanço do inquérito sobre a venda de presentes e as táticas adotadas pelos investigadores fazem com que os depoimentos do caso sejam considerados um ponto crítico para o ex-presidente.

A PF vai ouvir nesta quinta (31) oito suspeitos de envolvimento no esquema das joias. Os depoimentos serão tomados ao mesmo tempo. Como ninguém acredita que investigados e advogados não tenham trocado figurinhas, a medida vale pouco para evitar que eles combinem versões e muito para revelar incoerências.

Bolsonaro e aliados já produziram uma profusão dessas contradições, e aí está o perigo para o ex-presidente. Além de tornar muitas explicações inverossímeis, o vaivém dificulta o trabalho de quem tenta esconder detalhes das falcatruas.

Quando o apetite pelas joias foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, em março, o ex-presidente posou de vítima. "Estou sendo acusado de um presente que eu não pedi, nem recebi", declarou. Bolsonaro se referiu ao estojo retido no aeroporto de Guarulhos e omitiu relógios que já haviam sido vendidos.

A certeza da impunidade parece ter aumentado a desfaçatez. "Nada foi extraviado, nada sumiu. Nada foi escondido. Ninguém vendeu nada", disse, semanas depois. Àquela altura, estava em curso a operação para recomprar o Rolex que viajara em segredo no avião presidencial e fora vendido numa transação discreta.

Nenhuma explicação resistiu às provas colhidas pelos policiais. A tendência é que o caminho fique mais estreito com quebras de sigilo e telefones apreendidos. Prova disso é que a defesa do ex-presidente passou a dizer que ele tinha direito de ficar com as joias e de vendê-las.

É algo que se aproxima de uma confissão e depende de uma interpretação muito benevolente das leis e das regras estabelecidas pelo TCU. Resta saber se Bolsonaro estará disposto a testar a generosidade de investigadores e juízes nesse caso.

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