Bolsonaro diz não haver problema em depor à PF e que ninguém foi buscar joias 'na mão grande'

Ex-presidente concedeu entrevista antes de embarcar para o Brasil e negou irregularidades em presentes

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São Paulo

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou, em entrevista à CNN Brasil, ter cometido irregularidades em relação às joias presenteadas pela Arábia Saudita e disse que vai depor sobre o caso na Polícia Federal "sem problema nenhum".

Uma oitiva com o ex-presidente foi marcada para o próximo dia 5.

"Sem problema nenhum. Vou seguir a orientação dos meus advogados. As joias foram entregues. [Acusação de] descaminho? Meu Deus do céu. Se nós cadastramos, o governo, uma secretaria específica nossa, cadastrou, catalogou [em acervo], a joia não é minha. Ponto final", disse o ex-presidente na noite desta quarta (29), no embarque do aeroporto de Orlando, na Flórida.

Bolsonaro, que chegou na manhã desta quinta (30) a Brasília, continuou: "Alguns já começaram a falar que eu queria vender. Olha, três meses depois, quatro meses depois ou um ano depois, já teria vendido. Ninguém vendeu nada. Está à disposição".

Jair Bolsonaro embarca para o Brasil no aeroporto de Orlando - Reprodução CNN

Bolsonaro se refere a dois conjuntos de joias, enviados em 2019 e 2021, que constam como recebidos de presente. Disse que nada foi "extraviado", nem "surrupiado" e que não entende "por que desse escândalo todo".

"Nada foi escondido. Se a imprensa divulga é porque tem um cadastro dizendo que foi recebido aquilo."

Há outro kit, porém, avaliado em R$ 16,5 milhões, que foi retido pela Receita Federal em Guarulhos em outubro de 2021 e que não chegou a passar por esses procedimentos.

A respeito desse kit, Bolsonaro negou que tenha havido uma tentativa de se apropriar indevidamente dos itens.

"[O presente] da primeira-dama ficou na alfândega. Ela tomou conhecimento e eu também pela imprensa. Foi buscado documentalmente com ofícios. Buscamos recuperar esse material para o acervo, ninguém quis buscar na mão grande. Não teve avião da Força Aérea para tentar buscar esse material em São Paulo. O garoto aproveitou uma carona para ir para lá."

Bolsonaro fez referência à tentativa de um sargento de retirar os itens apreendidos quando faltavam apenas dois dias para o fim do mandato, em dezembro.

O ex-mandatário também fez críticas à condução do caso pelo TCU (Tribunal de Contas da União), embora diga que vá cumprir todas as determinações, como a entrega dos objetos. Ele voltou a lamentar a entrega de armas presenteadas, conforme estabeleceu a corte de contas.

"Não é essa a rotina de presentes que o presidente recebe. A lei diz que eu posso ficar com o material e que eu posso usá-lo. Não posso vendê-lo. É o que diz a lei. O TCU entendeu que esse material nem poderia ser usado. Sem problema nenhum."

Na entrevista, Bolsonaro também falou sobre o volume de presentes que recebeu e que não quer gerenciar esse acervo, já que precisaria pedir ajuda a terceiros. Também afirmou que uma das opções seria doar itens para evitar que eles se estraguem na armazenagem.

"O que eu vou fazer com 3.000 camisas de jogo de futebol? Se não doar, fazer alguma coisa, vai estragar."

Também afirmou: "Quem vai usar um relógio de R$ 200 mil ou R$ 300 mil? Eu jamais usaria."

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