Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Descrição de chapéu forças armadas

Metralhadoras desviadas abasteceriam shopping center do crime

Estrutura do Estado pode ser mercado atraente para facções e agentes que jogam o jogo da corrupção

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O shopping center do crime está aquecido. Em setembro, traficantes do Rio receberam uma oferta em vídeo para comprar metralhadoras calibre .50 pela bagatela de R$ 180 mil cada. Policiais apontaram que as armas haviam sido desviadas de uma unidade do Exército em São Paulo.

O sumiço de 21 metralhadoras do arsenal militar mostra como a estrutura do Estado pode ser um bom ambiente de negócios para os criminosos. Há tempos, traficantes e milicianos fazem transações em delegacias e batalhões. Nesta quinta (19), a PF prendeu quatro policiais civis suspeitos de vender toneladas de maconha para o Comando Vermelho.

A cobiça também alcança os quartéis das Forças Armadas. De 2011 a 2020, o Exército registrou o desvio de 41 pistolas, fuzis, metralhadoras e espingardas, segundo dados obtidos pelo Instituto Sou da Paz. Os militares dizem que a maioria foi extraviada durante operações "em decorrência de fatores adversos", sem participação de agentes.

Desta vez, foram 21 armas furtadas de uma vez, dentro de uma unidade monitorada por militares, com suspeita de envolvimento de três agentes. O Exército acredita que as metralhadoras, que estavam no arsenal para manutenção, desapareceram perto do feriado de 7 de Setembro.

As polícias e o Exército são um mercado atraente para criminosos que encontram agentes dispostos a jogar o jogo da corrupção. Nesse negócio, eles podem ter acesso a armas de uso restrito e munição farta. Pagando o preço certo, levam equipamentos sem dar um único tiro, driblam uma fiscalização naturalmente frouxa e até abafam investigações.

O Exército e a Polícia Civil do Rio mostraram serviço depois do desvio das 21 metralhadoras. Depois de identificar os principais suspeitos, oito armas foram recuperadas.

Nem sempre é assim. Em 2015, uma CPI da Assembleia Legislativa do Rio descobriu que quase 300 armas haviam sido desviadas da PM fluminense nos dez anos anteriores. Dezenas de inquéritos foram instaurados, mas poucos seguiram até o fim.

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