Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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CPI apontou para o alto, mas ficou sem apetite para ir mais fundo

Acordo restringiu produção de fatos novos, e relatório se contentou com dados da PF e provas produzidas à luz do dia

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A CPI do 8 de janeiro deu nome aos bois que conseguiu encontrar. O relatório da senadora Eliziane Gama destaca a liderança de Jair Bolsonaro na disseminação do golpismo e recomenda o indiciamento de mais 60 pessoas entre militares, políticos e personagens da máquina do governo. A comissão poderia ter ido mais fundo, mas escolheu pisar em ovos.

O documento elenca os pontos que sustentam uma acusação direta contra Bolsonaro, auxiliares e integrantes das Forças Armadas. O relato mostra como o ex-presidente subsidiou os golpistas, toca em pontos como a politização das polícias e expõe a simpatia de oficiais graduados por uma intervenção militar.

O texto parece bem acabado porque aponta para o topo de uma cadeia de comando. Mas a comissão se contentou com informações já levantadas pela PF e costurou provas exibidas à luz do dia. Além das limitações de qualquer CPI, a falta de apetite e os acordos políticos restringiram a produção de fatos novos.

Apesar de ter maioria na comissão, a base de Lula abriu mão de ouvir Bolsonaro, com o argumento de que a CPI se tornaria um palanque para o ex-presidente. Os governistas também não convocaram antigos comandantes das Forças Armadas, numa manobra para conter a insatisfação dos militares.

O relatório final foi confeccionado, nas últimas semanas, sob o fantasma de um compromisso que teria sido firmado para poupar a caserna. Em agosto, o presidente da CPI, Arthur Maia, se reuniu com o comandante do Exército para discutir os trabalhos da comissão.

A relatora tentou desfazer as suspeitas com um pedido enfático de indiciamento de militares, incluindo os ex-comandantes Freire Gomes e Almir Garnier. Como a CPI não foi atrás de elementos inéditos sobre os dois, Eliziane se baseou em dados da PF, notícias e declarações públicas.

Mesmo assim, sobrou espaço para um aceno aos quartéis. A relatora anotou que o golpe foi frustrado, entre outros fatores, pela "postura constitucional das Forças Armadas".

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