Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Governo ganha tempo para corrigir atropelo de Lula sobre meta

Haddad costurou acordo e conseguiu vitória, mas sabe que o resultado é provisório

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Fernando Haddad entrou na briga da meta fiscal com uma desvantagem geográfica. O ministro tem a confiança de Lula para gerenciar as contas do governo, mas seu principal adversário nessa queda de braço, Rui Costa (Casa Civil), ocupa uma sala a poucos metros do presidente e despacha com ele diariamente.

O ministro da Fazenda teve que suar para ganhar terreno na disputa. Prestes a ser derrotado, conseguiu o apoio de ministros não palacianos (como Renan Filho, dos Transportes), argumentou que não faltará dinheiro para obras e pediu crédito a Lula para aprovar novas medidas de arrecadação antes de definir o déficit para o ano que vem.

O que Haddad costurou nas últimas semanas foi um acordo para ganhar tempo. Dentro ou fora do palácio, ninguém acredita que o déficit ficará zerado. Lula topou manter essa previsão por enquanto, mas todos sabem que esse número vai mudar —em março, como quer o ministro da Fazenda, ou em dezembro, como quer o chefe da Casa Civil.

O presidente Lula (PT) cumprimenta o ministro Fernando Haddad (Fazenda) em evento no Palácio do Planalto, em junho; à direita, o chefe da Casa Civil, Rui Costa - Gabriela Biló/Folhapress

Na prática, o acerto foi feito para amenizar a barbeiragem que o próprio presidente cometeu ao antecipar as discussões sobre a revisão da meta de 2024. Lula mandou seus ministros para o ringue antes que a planilha de receitas do ano que vem estivesse pronta e, portanto, sem ter um cálculo sobre o tamanho do rombo que seria necessário.

O adiamento da decisão pode prevenir um segundo fiasco. Se a meta zero virasse pó agora, substituída por um déficit de 0,5% do PIB, os projetos de arrecadação perderiam fôlego no Congresso, e o governo ainda correria o risco de precisar de uma nova revisão em março (para 0,75% ou 1%) com o objetivo de evitar o congelamento de despesas.

A vitória deu um refresco a Haddad, mas é provisória. O ministro ainda precisa persuadir Lula de que o melhor caminho é manter um aperto nas contas até março e, depois, terá que enfrentar uma disputa sobre o tamanho do déficit com a ala do governo que pretende soltar o freio das despesas.

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