Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian
Descrição de chapéu Eleições 2024

Lula aplica um anabolizante nacional nas eleições municipais

Petista enxerga nacionalização como oportunidade para recuperar terreno e manter viva rejeição a Bolsonaro

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Apesar de conhecer as contraindicações, Lula aplicou um anabolizante nacional nas eleições municipais. O presidente definiu a disputa pela Prefeitura de São Paulo como "uma confrontação direta" entre ele e Jair Bolsonaro. Na sequência, estendeu a lógica para o restante do país.

"A disputa é entre um governo que coloca o povo em primeiro lugar, para tentar resolver os problemas dele, e o governo das fake news", disse o petista à rádio Metrópole.

Nenhum político desafia à toa a máxima de que, na hora de votar para prefeito, o eleitor está mais preocupado com buracos nas ruas do que com embates partidários. Mas Lula parece enxergar a nacionalização como uma oportunidade.

Os últimos ciclos eleitorais drenaram a força do PT nas principais cidades do país. O partido elegeu 9 prefeitos de capitais em 2004 e nenhum em 2020. Um dos efeitos colaterais foi uma perda de protagonismo que fez com que a sigla chegasse a este ano com poucos candidatos competitivos nessas praças.

Para Lula, empacotar as eleições municipais como um embate nacional significa emprestar força política a candidatos que não iriam longe com as próprias pernas ou precisariam de um empurrão adicional.

Também está lá a ideia de que a máquina federal estará de um lado das disputas. Ao definir seu campo como "um governo que coloca o povo em primeiro lugar", Lula tenta agregar ao confronto ideológico uma opção com resultados práticos.

Já a escolha de Bolsonaro como adversário é uma aposta na resistência da rejeição a ele em locais estratégicos. O exemplo principal é São Paulo, onde Lula venceu no segundo turno de 2022. O petista quer tirar proveito dessa carga negativa, mas também usar a campanha para mantê-la viva na cabeça do eleitor.

O perigo é debitar uma eventual derrota de candidatos menores na conta de Lula e ainda oferecer a Bolsonaro uma exibição de fôlego, mesmo que artificial. Se a jogada funcionar, no entanto, o petista já terá pronta uma tática para chegar a 2026.

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