Descrição de chapéu Eleições 2020 DeltaFolha

Cinco partidos de centro-direita conquistam maioria das grandes cidades; PT fica sem capitais

PSDB, MDB, DEM, PSD e Podemos saem vitoriosos, apesar de redução no número de prefeituras dos tucanos e da população governada

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Brasília e São Paulo

Cinco partidos de centro-direita conquistaram o maior número das grandes prefeituras do país, no computo geral da campanha municipal encerrada com o segundo turno, neste domingo (29).

Apesar de ter perdido cerca de 40% das cidades governadas em comparação com as eleições de 2016, o que equivale a uma redução de 32% da população governada, PSDB de João Dória manteve São Paulo, a maior cidade do país, com a reeleição de Bruno Covas, e continua com o maior número de prefeituras nos 94 grandes municípios do país, aqueles com mais de 200 mil eleitores.

Apesar de manter o domínio sobre São Paulo, os tucanos irão governar agora uma população de cerca de 20 milhões de pessoas, contra 30 milhões que governariam caso repetisse o resultado de quatro anos atrás.

Outros partidos que saem com resultados expressivos nos grandes centros urbanos são MDB, DEM, PSD e Podemos.

Essas siglas não integram o chamado "centrão" no Congresso —o PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab age alinhado em alguns momentos, em outros, não— e devem disputar com esse grupo o comando da Câmara dos Deputados, eleição que será realizada em fevereiro.

O MDB foi o partido com mais eleitos nas grandes cidades do pais no segundo turno, dez, e teve um leve crescimento no conjunto dessas cidades, em comparação com quatro anos atrás.

Já o trio DEM, PSD e Podemos vem logo abaixo, com crescimento expressivo.

Partido dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (AP), o DEM conquistou dez grandes cidades ao todo, entre elas o Rio de Janeiro, com Eduardo Paes, um crescimento de 100% em relação a 2016. Com a vitória no Rio, a população governada pelo partido subirá quase 200%.

O PSD (10) e o Podemos (7) também tiveram um fortalecimento relevante em relação a quatro anos atrás. Em 2016, o partido de Kassab havia eleito quatro prefeitos nos grandes centros urbanos. O Podemos, só um —Alexandre Kalil, em Belo Horizonte, pelo PHS, sigla que se fundiu depois ao Podemos.

Já a esquerda teve vitórias e derrotas e deve assistir a um rearranjo no grupo, com perda de prevalência do PT.

Partido que esteve no topo do ranking de prefeitos eleitos nas grandes cidades de 2000 a 2012, o PT despencou em 2016, ano do impeachment de Dilma Rousseff, quando conseguiu emplacar apenas um prefeito de capital, Marcos Alexandre, em Rio Branco (AC).

Agora, o péssimo desempenho se atenuou timidamente, fruto da estratégia da legenda de priorizar os grandes centros, mas, mesmo assim, o resultado ficou bem distante dos anos em que controlava o governo federal e dos prognósticos traçados pela sigla.

O partido não elegeu ninguém nas grandes cidades, no primeiro turno e não conseguiu levar nem Recife nem Vitória, suas principais apostas deste domingo. A disputadíssima eleição na capital Pernambucana, com troca de ofensas de lado a lado, deve contribuir ainda para o afastamento de PSB e PT.

Nos 15 segundos turnos que disputou, o PT venceu quatro –Contagem e Juiz de Fora, em Minas Gerais, Diadema e Mauá, em São Paulo. Nas duas principais cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro, seu candidatos ficaram na sexta e quarta posições, respectivamente.

Apesar de não ter vencido em nenhuma capital, a sigla de Luiz Inácio Lula da Silva terá um acréscimo de cerca de 400% na população governada com a eleição nas quatro grandes cidades do interior de Minas e São Paulo.

O PSB também perdeu peso, apesar da vitória de João Campos no Recife. O partido tinha saído como um dos grandes vitoriosos das eleições municipais de 2016, com a conquista de sete grandes cidades. Agora, venceu em 4.

O PC do B do governador Flavio Dino (Maranhão) sofreu uma derrota ao perder em São Luís e ao não conseguir eleger Manuela D'Ávila em Porto Alegre.

O vitorioso na esquerda é o PSOL, que não havia eleito nenhum prefeito em uma grande cidade, em 2016, e agora conseguiu emplacar Edmílson Rodrigues em Belém, além da ida de Guilherme Boulos para o segundo turno em São Paulo.

Os partidos do "centrão", hoje sustentáculo político do governo Bolsonaro, tiveram desempenho díspares. O PP de Arthur Lira (AL), pré-candidato ao comando da Câmara dos Deputados, deu um salto em relação a 2016, conquistando sete grandes prefeituras, entre eles João Pessoa e Rio Branco, e aumentando em cerca de 200% a população governada.​

Já PL caiu de 4 para 2 grandes prefeituras e o PTB de 2 para zero. O Republicanos de Celso Russomanno, que não conseguiu ir para o segundo turno em São Paulo, subiu de duas grandes cidades comandadas em 2016 para três agora. Mas sofreu um baque na população governada com a derrota de Marcelo Crivella no Rio de Janeiro.

Embora partidos e políticos ressaltem não verem relação direta entre as eleições municipais e a disputa presidencial de 2022, é certo que vitoriosos e derrotados desse domingo irão levar em conta os resultados para a disputa daqui a dois anos.

Bolsonaro está alinhado ao centrão e apoia a tentativa de Lira de comandar a Câmara, passo considerado importante para o alinhamento político com vistas à disputa de 2022. Os partidos de esquerda tendem a se aliar a DEM, PSDB e MDB para derrotar Bolsonaro na eleição para o comando do Congresso.

As 94 maiores cidades do país que concluíram a eleição neste domingo —em decorrência do apagão, Macapá terá o primeiro turno no dia 6 e, se for necessário, o segundo no dia 20— englobam as capitais dos estados, exceto Palmas, e outras 69 cidades com mais de 200 mil eleitores.

Trinta e sete das 94 cidades já haviam decido as eleições no primeiro turno. O PSDB e o MDB haviam conseguido manter a hegemonia das eleições anteriores nesses grandes centros urbanos, mas dessa vez foram seguidos de perto por PSD, DEM e PP, que ampliaram seu alcance.

Das grandes cidades, três ainda dependem de confirmação dos tribunais, já que seus candidatos enfrentam problemas na Justiça —Washington Reis (MDB), em Duque de Caxias, Neto (DEM), em Volta Redonda, e Rubens Bomtempo (PSB), em Petrópolis, todas no Rio de Janeiro.

Quem ganha e quem perde em 2020

GANHA

Ciro Gomes
Bloco da centro-esquerda faz um cinturão em capitais do Nordeste. O PDT de Ciro manteve Fortaleza e Aracaju. Principal aliado, o PSB venceu no Recife e em Maceió

João Doria
Vitória do aliado Bruno Covas em São Paulo dá sobrevida ao projeto do governador paulista do PSDB. A sigla ainda venceu em Natal, Palmas e Porto Velho

DEM
Partido venceu em quatro capitais e ainda disputa Macapá (que teve o pleito adiado por causa da crise energética no estado). No Rio de Janeiro, vitória de Eduardo Paes fortalece Rodrigo Maia, presidente da Câmara. Na Bahia, ACM Neto saiu forte com derrotas do PT no 2º turno

PSOL
Partido se fortalece no campo da esquerda: venceu em Belém com Edmílson Rodrigues e teve bom desempenho em São Paulo com Guilherme Boulos

PERDE

Jair Bolsonaro
A maioria dos candidatos apoiados pelo presidente da República foi derrotada, e ele ainda viu a ascensão de possíveis rivais para 2022, como Doria, Ciro e Boulos

Lula
O PT não conseguiu emplacar seus candidatos no Recife e em Vitória. Também perdeu em 10 das outras 13 cidades onde disputou o 2º turno

Flávio Dino
O governador maranhense perdeu em São Luís após ver naufragar a tentativa de união de partidos de sua base. Seu partido, o PC do B, também perdeu em Porto Alegre

Sergio Moro
Neófitos na política não tiveram vez. Candidatos com discurso parecido com o do ex-ministro perderam em capitais como Cuiabá, Recife e Aracaju

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