Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Descrição de chapéu Datafolha São Paulo

Datafolha: Rejeição a Marçal pode definir desfecho do 1º turno

Pesquisa mostra que aposta de Nunes surtiu efeito e disparada do ex-coach cessou

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Brasília

A nova pesquisa do Datafolha dá algumas pistas do cenário por trás da névoa do empate triplo que marcou a campanha nas últimas semanas. Os números indicam que a aposta de Ricardo Nunes (MDB) nas vias tradicionais da política surtiu efeito, reforçam a leitura de que a disparada de Pablo Marçal (PRTB) cessou e dão um respiro à questionada campanha de Guilherme Boulos (PSOL).

Nunes aparece com destaque neste ciclo. Depois de estancar uma fuga de eleitores, o prefeito manteve uma trajetória de alta baseada na combinação da propaganda de TV com a potência da máquina da prefeitura.

O principal indício de que o canhão duplo funcionou é o crescimento do candidato do MDB em quase todos os segmentos de renda e idade, além da melhora na avaliação de seu governo. É o primeiro sinal de que Nunes experimenta uma alta consistente.

Os candidatos Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal (PRTB) e Guilherme Boulos (PSOL) - Bruno Santos e Pedro Ladeira/Folhapress

Na concorrência pelo voto na direita, o quadro ainda é acirrado. Entre eleitores de Jair Bolsonaro, o prefeito recuperou terreno (31% para 39%), mas continua pressionado por Marçal (48% para 42%). Nesse campo, o ex-coach ocupou um espaço que limita o crescimento de Nunes. Além disso, 70% dos eleitores de Marçal dizem que não pretendem mudar de voto.

A sequência de pesquisas do Datafolha indica que o candidato do PRTB se mantém no mesmo patamar há três semanas, quando chegou a 21% (agora, ele tem 19%). É o suficiente para cravar que o ex-coach parou de crescer, ainda que seja cedo para decretar que atingiu um teto.

A curva mais relevante da pesquisa começa a ser desenhada pelos números de rejeição a Marçal. Os dados mostram uma trajetória ascendente acelerada. O índice bateu em 44% e se aproximou de uma perigosa maioria que se recusa a dar um voto ao candidato do PRTB.

O ex-coach fez barulho e conseguiu o que queria: virou protagonista e fez uma escalada íngreme até o primeiro pelotão. A tática foi suficiente para produzir uma reviravolta, mas o custo aparece agora como uma taxa de rejeição que pode definir o desfecho deste primeiro turno.

A oposição a Marçal cresce inclusive entre eleitores de Ricardo Nunes, o que sugere que a opção pelo prefeito toma algum impulso entre paulistanos que descartam votar no ex-coach. Os números reforçam a percepção de que Marçal seria um candidato vulnerável num eventual segundo turno, facilitando os apelos por uma adesão antecipada à campanha do prefeito.

Em alguma medida, esse quadro também ajuda Boulos, ao reduzir o risco de deixá-lo num amargo terceiro lugar. As próximas pesquisas farão um retrato mais claro da questão.

O principal problema do candidato do PSOL ainda é a transferência lenta de votos de Lula para sua campanha. Em três semanas, passou de 41% para 48% o índice de eleitores do petista que declaram voto em Boulos. Sua esperança se mantém no fato de que muitos eleitores de baixa renda (cerca de 40%) ainda não sabem que ele é o candidato de Lula.

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