Bruno Gualano

É professor do Centro de Medicina do Estilo de Vida da Faculdade de Medicina da USP. Também é autor de 'Bel, a Experimentadora'

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Bruno Gualano
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Exercícios durante a gravidez trazem diversos benefícios à saúde

Mas, cautelarmente, grávidas devem conter excessos na musculação

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Exercícios durante a gravidez reduzem riscos de ganho excessivo de peso, parto prematuro, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia (aumento da pressão arterial durante a gestação), depressão, ansiedade e complicações relacionadas ao parto.

Apesar de todos esses benefícios, menos de 30% das mulheres grávidas cumprem as recomendações de atividade física ao redor do mundo. Nesse rumo, dados de Pelotas (RS) apontam que 16% das grávidas fazem algum tipo de atividade física no lazer e que apenas 8% alcançam níveis mínimos de atividade um ano após o parto.

Os principais motivos pelos quais grávidas são, em geral, fisicamente inativas estão associados à fadiga, ao desconforto com o exercício e ao receio de causar dano ao feto em desenvolvimento. Ciência e educação tornam-se, pois, peças importantes no combate à desinformação e promoção de atividade durante a gravidez.

Grávida de nove meses, Fabíola de Souza, da seleção de vôlei do Brasil em 2016, treina para os Jogos Olímpicos do Rio - Alan Marques - 10.mai.16/Folhapress

Um recente artigo revisou guias de 30 países (incluindo o Brasil) sobre a prática de atividade física na gravidez e nos ofereceu uma boa síntese sobre o assunto.

Todas as recomendações convergem para uma mesma conclusão: atividade física é benéfica e segura à grávida e a seu futuro filho.

Anote: 150 a 300 minutos semanais de atividade aeróbia de intensidade moderada (aquela que te deixa mais ofegante, sem impedir de cantar sua música favorita), combinados com exercícios de fortalecimento muscular, duas vezes por semana.

Grávidas também são aconselhadas a treinar, especificamente, os músculos do assoalho pélvico, que sustentam bexiga, útero e reto, sobrecarregados devido ao peso crescente do abdômen.

Exercícios intensos durante a gravidez são tabu, mas a recomendação é clara: as futuras mamães que já estão acostumadas a treinar pesado –como as atletas– podem manter a rotina. Às demais aconselha-se a surrada e boa moderação.

Moderação que não significa inação. Mulheres sedentárias podem iniciar um programa de treinamento durante a gravidez com segurança. Mesmo que não consiga atingir todas as recomendações, lembre-se, cara gestante, que todo movimento conta. Ou seja, mover-se um pouco é melhor do que nunca se mover.

Cuidados, porém, são indicados. Exercícios na posição supina (quando a pessoa deita de barriga para cima) podem demandar ajustes, embora não devam ser necessariamente vedados. Com sinais como tontura persistente, dor no peito, falta de ar, contração uterina dolorosa e sangramento vaginal, a atividade deve ser imediatamente interrompida.

Estudos de ambiente de trabalho sugerem que o levantamento de cargas elevadas e de modo repetitivo está associado com riscos aumentados de aborto espontâneo e nascimento prematuro. Por isso, cautelarmente, grávidas devem conter excessos na musculação. Diz a prudência que modalidades com alto risco de contato, colisão ou queda também devem ser evitadas.

Há uma série de condições médicas que contraindicam o exercício, tais como restrição de crescimento intrauterino, desnutrição grave, gestação múltipla (trigêmeos ou mais), placenta prévia, doenças crônicas não controladas, etc. É o acompanhamento pré-natal que dimensionará os riscos à mãe e ao feto.

Em regra, não há dúvidas de que os benefícios da atividade física durante a gestação superaram, em muito, eventuais riscos. A crença de que a gravidez é sempre um período vulnerável afasta a mulher do movimento. Gravidez não causa fragilidade; sedentarismo sim. Portanto, sugiro à leitora gestante que dispense o assento preferencial numa próxima oportunidade.

Placa de assentos pfreferenciais, em São Paulo (SP). (foto: Léo Burgos/Folhapress) - Léo Burgos - 4.mar.16/Folhapress

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