Começou a carreira nos jornais "Diário da Noite" e "Diário de S.Paulo". Chegou à Folha em 1984, onde foi repórter, redator, editor, secretário de Redação, diretor-adjunto de Redação, correspondente em Washington e ombudsman.
Muito além do carnaval de vaidades
A cada dois anos, quando ocorrem eleições para presidência das duas Casas do Congresso, o jornalismo político vive período de êxtase.
Concentram-se em poucos dias conchavos, fofocas, traições, balões de ensaio que fazem a delícia de repórteres e leitores viciados em noticiário político convencional.
Para a sociedade, o resultado disso tudo em geral é quase nulo. O carnaval das vaidades este ano o demonstrou outra vez.
A Folha fez o trabalho preguiçoso de sempre. A reposição em seus tronos de veteranos que já os haviam ocupado duas vezes é a máxima expressão de sua previsibilidade, coroada na manchete de terça que anunciou o que todo mundo já sabia que iria acontecer havia semanas e já era realidade fazia quase um dia inteiro.
Não é preciso ser assim. Um mínimo de vontade editorial poderia tornar a cobertura do universo de Brasília muito mais relevante para o país.
No mesmo dia em que a mesmice se repetia, o presidente da República enviou ao Congresso, como determina a Constituição, sua mensagem anual ao Legislativo, para prestar contas do que fez no ano anterior e revelar suas prioridades para o que se inicia.
Exceto por duas notas na coluna "Painel", este jornal ignorou por completo o documento, que constitui nada menos do que a agenda do Executivo para 2009.
Esse documento deveria ser o mote para um grande debate nacional, referência de todos os editores do jornal para fazer pautas, cobrar compromissos assumidos, checar se o governo fez o prometido, discutir se o que ele considera importante também o é para a sociedade, medir a relação entre ele e o Congresso.
Os EUA não são necessariamente exemplo positivo de coisa alguma. Lá, no entanto, esse mesmo documento do presidente ao Congresso, entregue em cerimônia transmitida em rede nacional de TV, é esmiuçado pelos meios jornalísticos no detalhe e orienta a população no seu julgamento das ações do Estado. Melhor do que o festival de jogo de cena motivado pela eleição dos dirigentes do Senado e da Câmara.
O cidadão que tem conhecimento do que o governo diz que vai fazer no ano também tem mais condições de controlar seu comportamento. Que melhor papel para a imprensa do que municiá-lo com essas informações, que afinal são públicas?
Em contraste, que utilidade tem para o cotidiano do leitor a montanha de balelas que foram ditas por candidatos a postos na Mesa da Câmara e do Senado e por quem tentava influenciar o resultado da eleição?
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