Celso Rocha de Barros

Servidor federal, é doutor em sociologia pela Universidade de Oxford (Inglaterra) e autor de "PT, uma História".

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Celso Rocha de Barros
Descrição de chapéu Congresso Nacional

Impostos ficarão melhores com essa Reforma Tributária

Mudanças nos tributos combatem os entraves ao desenvolvimento econômico

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Nas próximas semanas, os impostos brasileiros podem se tornar semelhantes aos que existem nos países desenvolvidos.

A Reforma Tributária proposta pelo governo Lula, baseada em décadas de discussões no Congresso Nacional, pode ser aprovada pelo Senado na quinta-feira, dia 9.

A Reforma Tributária unificará vários impostos existentes em um imposto sobre valor agregado (IVA), como o que existe na maioria dos países. Terá também um dispositivo de cashback, que devolverá parte dos impostos pagos pelos pobres.

Ao que tudo indica, são boas ideias.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião sobre a Reforma Tributária - Marcelo Camargo - 11.jul.2023/Agência Brasil

Segundo um "policy brief" recente da OCDE, "Redesigning Brazil´s consumption rates to strengthen growth and equity", a Reforma Tributária poderia "reduzir distorções tributárias e produzir melhorias significativas na produtividade e no crescimento econômico".

A Nota de Conjuntura nº 18 de 2023 do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas ("Impactos redistributivos da reforma tributária: estimativas atualizadas") estima que "82% dos municípios ganham com a reforma, percentuais estes que se ampliam quando considerados os impactos positivos sobre o PIB e, indiretamente, sobre o bolo de receitas tributárias".

Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais ("Como o Cashback pode reduzir desigualdades no Brasil") estimou que a combinação da mudança nos tributos com o mecanismo de cashback (devolução de impostos para contribuintes pobres), previsto na reforma, pode elevar o poder de consumo de 89% da população brasileira.

A proposta que sairá do Senado, como a que saiu da Câmara dos Deputados, tem mais exceções do que seria ideal. Isso era de se esperar: afinal, se o sistema atual tem tantas distorções, é porque há setores politicamente fortes que ganham com elas.

Mesmo assim, a reforma ainda vale a pena.

Melina Rocha, ex-consultora do Banco Mundial, postou recentemente no X (antigo Twitter) que metade dos países do mundo que utilizam o sistema proposto na reforma tributária (o Imposto sobre Valor Agregado) também tem exceções. Afinal, não é só no Brasil que existe política.

Entretanto, conclui, "não tenho a menor dúvida de que o relatório que temos hoje [base para a votação no Senado] é infinitamente melhor que nosso sistema tributário atual".]

Tampouco seria justo dizer que o Congresso apenas piorou a proposta do governo.

Segundo Bernard Appy, secretário-extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda –e um dos pais da reforma– o texto do Senado corrigiu problemas e já resolve 75% das distorções do sistema tributário brasileiro atual.

Enfim, a aprovação da Reforma Tributária é exatamente o tipo de coisa que o Brasil precisa fazer mais: combater os entraves ao desenvolvimento econômico através de grandes negociações democráticas.

Também é o tipo de coisa que um governo de frente ampla, como é o terceiro governo Lula, pode fazer bem.

Em minha coluna de 7 de novembro de 2021, quando começávamos a cogitar a possibilidade de uma chapa Lula/Alckmin, sugeri que essa mesma proposta de Reforma Tributária poderia ser um dos eixos de um programa de consenso.

O Brasil terá uma grande vitória se conseguirmos que a Reforma Tributária seja aprovada como está, sem novas exceções ou privilégios, ainda em 2023. Cresceremos mais e teremos mostrado que nossa democracia é capaz de promover grandes mudanças.

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