Cida Bento

Conselheira do CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades), é doutora em psicologia pela USP

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Cida Bento

Praça Marielle Franco

As marcas da presença de Marielle nas ruas não permitirão que o silêncio prevaleça

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Num bairro periférico e majoritariamente negro da zona norte de São Paulo, nasce a praça Marielle Franco, numa homenagem que se junta a tantas outras, dentro do Brasil e fora dele. 

Se junta, por exemplo, à homenagem que ocorreu em Florença, na Itália, onde a Conferência Geral Italiana do Trabalho (CGil) propôs à prefeitura local dar o nome de Marielle a uma rua ou praça; ou em Paris, onde a prefeita Anne Hidalgo tornou pública sua proposta de homenagear Marielle com um espaço na cidade, ou como o escadão Marielle Franco, no bairro paulistano de Pinheiros.

Pode se falar também nos grafites espalhados pelos muros das cidades, na publicação de livros, palestras, debates, atos, na criação de organizações como o Instituto Marielle Franco, que lançou recentemente um edital objetivando fortalecer o pensamento feminista e defender a memória e a luta de Marielle.

O site do PSOL destacou mais de 150 logradouros públicos dos mais diversos países que levam o nome de Marielle Franco.

A ideia de dar o nome de Marielle Franco a uma praça na Vila Brasilândia nasceu em uma das reuniões da Associação Jardim das Pedras, organização popular que, como tantas outras, desenvolve um trabalho voltado para a melhoria da região, revelando uma identificação com as lutas coletivas das quais Marielle participava.

Presente na reunião que discutiu o batismo, o vereador Eduardo Suplicy (PT) acolheu a proposta, transformando-a em projeto de lei que recebeu apoio de 47 vereadores de diversos partidos, sendo aprovado pela Câmara e depois sancionado pelo prefeito Bruno Covas (PSDB).

Mulher, negra, mãe, lésbica e com origem na favela, Marielle Franco, parlamentar do PSOL, lutava contra o genocídio da juventude negra e da periferia, a violência contra LGBTs, mulheres em geral e das mulheres negras em particular, e seu assassinato, em 14 de março de 2018, juntamente com seu motorista, Anderson Gomes, coloca em xeque a democracia e escancara a violência contra defensoras de 
direitos humanos no Brasil.

No próximo mês, março de 2020, fará dois anos que Marielle foi assassinada, e a sociedade brasileira permanece sem uma informação oficial sobre os mandantes do crime, embora existam muitos indícios de que tenham sido  pessoas ligadas a estruturas de poder formais e informais. 

A pressão dos familiares de Marielle e das organizações sociais continuará firme para que a apuração do crime tenha um desenlace rápido, com a condenação dos culpados, como se constata na luta incansável da Anistia Internacional, liderada por Jurema Werneck.

As marcas da presença de Marielle nas ruas, nas praças, nas cidades, nas organizações são coletivas e constituem a memória atenta, persistente, que não permitirá que o silêncio prevaleça. 

Assim como permanece vivo na memória um momento especial no Carnaval de 2018, quando a Mangueira, homenageando Marielle, arrebatou e emocionou milhares de pessoas que assistiam ao desfile, chamando a atenção do mundo e clamando justiça para Marielle e para tantas defensoras de direitos humanos no Brasil. 

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