Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Escolas públicas diferenciadas e o desafio da gestão da política educacional

No aprendizado, pessoas importam mais do que infraestrutura

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Visitei nesta semana, no vale do Cuiabá, em Itaipava (RJ), uma escola rural municipal em tempo integral que faz um trabalho excelente para alunos da pré-escola ao 5º ano, com um aprendizado baseado em projetos e um ensino que fortalece o raciocínio matemático e científico.

Em suma, uma escola que ensina a pensar. Conversei com os alunos de 4º ano sobre as lendas associadas à Quaresma em partes do Brasil e com os de 5º sobre enredos de óperas e peças de Shakespeare. Assisti também à aula de matemática do 2º ano e me surpreendi com o bom uso de metodologias ativas, num ambiente sem sofisticações.

Alunos na Escola de Educação Integral Padre Quinha, no vale do Cuiabá, em Itaipava, Petrópolis (RJ) - Claudia Costin/Arquivo Pessoal

O que me fica como primeira pergunta é o que faz uma escola pública se destacar em relação às demais? As evidências científicas são claras: um bom diretor, que cria uma cultura de colaboração na equipe e com a comunidade, incluindo os pais e moradores do entorno, forte investimento em formação continuada em serviço para os professores, ligada ao que está sendo trabalhado em sala, e foco na aprendizagem dos alunos.

Estudos da Fundação Lemann, do Unicef e de outros parceiros sobre escolas em áreas de vulnerabilidade no Brasil com bom desempenho trouxeram conclusões assemelhadas. A importância do papel do diretor e de uma equipe estável e comprometida com o aprendizado do aluno foi ressaltada em todas elas, mais do que infraestrutura, tamanho de turmas ou uso de tecnologias avançadas.

Um bom gestor escolar com certeza deixa sua marca. Por vezes vemos duas escolas de mesmo tamanho, com os mesmos recursos, ambas na mesma favela conflagrada e uma se sobressai frente à outra. Quando se busca entender o que faz uma delas ter resultados educacionais melhores do que a outra, quase sempre se destaca a figura de um diretor que tem altas expectativas para todos os alunos.

Alunos na Escola de Educação Integral Padre Quinha, no vale do Cuiabá, em Itaipava, Petrópolis (RJ) - Claudia Costin/Arquivo Pessoal

Mas, vendo aqueles alunos no vale do Cuiabá ou em tantas escolas boas que conheci em áreas desafiadoras, fica outra pergunta: por que não conseguimos ter bons sistemas escolares em que todas as escolas possam ser como essas? 

Aqui, parte da resposta vem do domínio da gestão de políticas públicas.

Elaborar, financiar, implementar e monitorar constantemente políticas educacionais dá muito trabalho e demanda uma persistência que não é própria de um sistema político clientelista. É fundamental ter bons secretários estaduais e municipais, que trabalhem colaborativamente no território, invistam em formação dos professores, foquem a aprendizagem de todos e busquem, com obstinação, melhorar os resultados.

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