Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Civilização ou barbárie

Em momentos de dor e insegurança, há múltiplos caminhos, e até a educação pode trazer tanto ameaças quanto oportunidades

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Em certos momentos da história, de dor e insegurança, a humanidade se viu desafiada a enfrentar suas fragmentações e focar na questão mais substantiva para o futuro a se construir: preservar alguns poucos avanços civilizatórios que se encontram ameaçados ou render-nos à barbárie. Não por acaso, inúmeros textos foram escritos com o título da coluna de hoje.

Acompanhando as eleições francesas e depois vendo um pequeno, mas emblemático, episódio de um ex-ministro da Educação portando uma arma num aeroporto, que disparou acidentalmente, lembrei-me da expressão. Sim, vivemos tempos estranhos, em que a polidez voltou a significar um sinal de fraqueza, a educação parece demandar, como logo antes da Primeira Guerra, um ímpeto militarizante e xenófobo e em que a religião se orgulha de andar armada.

"Vai passar" dizia uma música de Chico Buarque de 1980 que me vem à cabeça a cada crise como a que o mundo vive agora. Espero que sim, mas, para além da confluência dos astros, muito mais será necessário para enfrentar um triste espírito de época potencializado pela pandemia e pela Guerra da Ucrânia.
Será necessário resistir, conversar com quem pensa diferente, atuar de forma mais coordenada e sair do território dos sonhos para avançar na desconstrução da barbárie.

E, para tanto, há múltiplos caminhos, mas, por vício de ofício, atenho-me ao da educação, que pode trazer tanto ameaças quanto oportunidades.

No primeiro caso, quando se imagina que há soluções mágicas para resolver esse complexo problema ou que cada governante precisa desconstruir os limitados, mas importantes, avanços feitos pelos que o antecederam, a partir de modelos explicativos simplificados que atribuem à administração anterior epítetos desqualificadores de natureza ideológica. Como oportunidade, quando a transformação da educação se constrói a partir de aprimoramentos ou uma aceleração de mudanças incrementais anteriormente introduzidas.

Foi o que pude sentir nesta semana no Encontro Anual da Educação Já, quando um acordo suprapartidário foi estabelecido entre os principais presidenciáveis, com a presença de governadores e parlamentares de diferentes partidos políticos, sobre a agenda emergencial e de transformação sistêmica da educação no Brasil.

Professores, gestores escolares e educacionais e jovens de diferentes visões políticas lá estavam, consagrando caminho de consenso possível para que a "nossa pátria mãe tão distraída" perceba que não pode ser mais "subtraída em tenebrosas transações" e que ministros da Educação, como sugeriu o governador do Espírito Santo, passem a portar "livros, e não armas".

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