Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Descrição de chapéu tecnologia

A educação do futuro e a tecnologia

Ferramentas tecnológicas não bastam para educar seres humanos autônomos

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Visitei, na semana passada, a Secretaria da Educação do Paraná e vi o esforço grande que eles fizeram para incorporar as aprendizagens da pandemia ao processo de ensino na volta às aulas.

A rede criou uma plataforma que organiza o que um professor necessita para ministrar cada aula, que pode ser projetada em sala e cuja utilização gera dados sobre o que cada aluno aprendeu. Construíram também um instrumento digital para ajudar o docente a corrigir redações. Visitei escolas e vi essas ferramentas em uso no fundamental 2 e no ensino médio.

Evidentemente, nada disso é sem dificuldades: a volta às aulas trouxe alunos e professores com problemas emocionais; muita formação profissional será necessária e os equipamentos demandam uma logística desafiadora. Além disso, não é a tecnologia que transforma a educação, mas o modo como ela é utilizada e em que ambiente.

Mas aí também transformações importantes começam a acontecer, como a multiplicação de escolas em tempo integral, a partir da bem-sucedida experiência de Pernambuco, permitindo que professores trabalhem em uma única unidade e tenham mais tempo de interação com os alunos, inclusive oferecendo eletivas, algumas delas na área de tecnologia.

Essa mesma situação começa a se expandir para outros estados, tanto no que se refere à ampliação de escolas com uma jornada estendida e professores com dedicação exclusiva quanto ao uso da tecnologia para apoiar o processo de ensino.

Acompanho há anos o trabalho de Pernambuco nessa direção, que tem impactado positivamente os índices de aprendizagem. Também investiram muito em tecnologia, a partir do premiado trabalho de Débora Garofalo, no estado de São Paulo, com a criação do Centro de Mídias e de ferramentas para apoiar o professor, enquanto se expandiu o número de escolas inspiradas na experiência pernambucana.
Cabe, no entanto, a pergunta: é essa a educação do futuro? E a resposta mais curta é "não".

Evidentemente, tudo isso integra uma abordagem de ensino que nos faz avançar, mas para que se possa preparar os jovens para um mundo em acelerada digitalização o que precisa ser feito é formá-los para o que não pode ser substituído por máquinas, que é a capacidade de pensar, colaborar e analisar em profundidade. E isso só se faz atraindo e retendo bons professores, motivados e preparados para educar seres humanos autônomos.

Para tanto, é fundamental que as novas diretrizes de formação docente aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação sejam implementadas nas licenciaturas e nas escolas para que, de fato, se construa a educação do futuro.

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