Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Os impactos da educação em tempo integral

Aumento da carga horária, mas não só, reduziu em 50% homicídio de homens jovens

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Muito se tem pesquisado sobre os impactos positivos da educação, que valeram inclusive um Prêmio Nobel de Economia a James Heckman, em 2000, por evidenciar em um estudo longitudinal as inegáveis vantagens de pré-escolas de qualidade para a obtenção futura de emprego, salários e redução de encarceramento.

Mas uma nova pesquisa, feita aqui no Brasil, sobre uma política pública de visível efeito na aprendizagem, o Ensino Médio Integral, um programa realizado por Pernambuco ao longo de 16 anos, trouxe evidências que também transcendem a educação.

O estudo, feito por pesquisadores da USP e do Insper, mostrou que, com o aumento da carga horária e um currículo que incorpora ideias de Antonio Carlos Gomes da Costa, que concebeu a proposta para a escola piloto, o Ginásio Pernambucano, incluindo tempo para se trabalhar o projeto de vida do aluno e o protagonismo juvenil, reduz-se em 50% a taxa de homicídio de homens jovens.

Não se trata do primeiro estudo sobre os efeitos da escola em tempo integral. Outros analisaram salários quando formados e empregabilidade de mulheres, mas a melhora nos índices de criminalidade foram capturados apenas nessa interessante pesquisa.

Alunos de escola técnica de tempo integral de Pernambuco
Alunos de escola técnica de tempo integral de Pernambuco - SEE-PE

Visitei muitas escolas de ensino médio em Pernambuco, em áreas de grande vulnerabilidade. Os resultados de uma política que se construiu ao longo de anos, passando por diferentes governos e se fortalecendo, é visível não só nas melhores condições de trabalho dos professores, com dedicação exclusiva a uma única escola, como no clima escolar. Não é por acaso que tantos estados, com governadores de partidos diferentes, vêm se inspirando no exemplo pernambucano, como Paraíba, Ceará, Maranhão e Goiás.

Mas vale destacar o caso do Espírito Santo. Essa iniciativa, iniciada em 2015 pelo então governador Paulo Hartung, não apenas se manteve com seu sucessor como se ampliou de forma importante, inclusive apoiando municípios que desejam avançar nessa direção. No recente documento técnico do Todos pela Educação sobre as políticas educacionais que vêm assegurando o importante avanço em aprendizagem no estado, aparecem com destaque o uso de dados e de ferramentas de gestão, no âmbito do Programa Jovens de Futuro e as Escolas em Tempo Integral.

A ideia de se inspirar em experiências bem-sucedidas no Brasil, como a de Pernambuco, é, aliás, uma das premissas educacionais da gestão educacional capixaba. O país pode aprender com nações com bons sistemas educacionais, nenhum deles com quatro horas de aula por dia, mas também com o que dá certo por aqui.

Por mais aprendizagem e menos assassinatos de jovens!

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