Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Sustentabilidade social, ferramenta para uma estruturação mais justa e equânime das cidades

Objetivo principal do desenvolvimento sustentável é a estabilidade da economia e do meio ambiente

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O objetivo principal do desenvolvimento sustentável é a estabilidade, em longo prazo, da economia e do meio ambiente. Contudo, isso só é possível por meio da integração e do reconhecimento de preocupações econômicas, ambientais e, principalmente, sociais, durante todo o processo de concepção e implementação de políticas públicas.

Imersa, portanto, nessa conceituação, a sustentabilidade social é um campo novo no processo de estruturação do planejamento urbano.

A dimensão social da sustentabilidade, tão importante quanto as dimensões econômica e ambiental, embora tenha tido na última década maior atenção dos pesquisadores, ainda carece de mais estudos e avaliações, que ajudem a compreender melhor a interferência dos diversos atores envolvidos no processo, e a auxiliar nas decisões que resultem em uma melhor relação entre custo e benefício para os investimentos sociais.

Desenvolver uma base de conhecimento comum, testando e avaliando métodos e procedimentos, pode ajudar a construir, de forma mais bem estruturada, a conceituação de sustentabilidade social.

Com o intuito de estudar esses efeitos, Anette Galskjot, executiva da IPFH (International Federation for Housing and Planing), pesquisou o estado da sustentabilidade social em 11 cidades dinamarquesas, examinando os índices disponíveis para monitorar o seu desenvolvimento.

Segundo Galskjot, a hipótese que impulsionou a pesquisa foi examinar as intervenções em sustentabilidade social nas cidades de uma forma mais holística e interdepartamental, o que permitiria identificar as sinergias que hoje são despercebidas. A pesquisa foi conduzida, ainda, com o objetivo de investigar se existe mercado para novas ferramentas capazes de medir sustentabilidade social.

Para isso, duas questões foram apresentadas. A primeira tratou dos tipos de índices desenvolvidos e relacionados à sustentabilidade social para, em seguida, descobrir se as cidades têm interesse em construir novos índices de medição.

No que diz respeito à primeira questão, a conclusão foi que a sustentabilidade social é tratada de forma muito mais fragmentada do que no caso da sustentabilidade ambiental ou econômica, e somente algumas iniciativas e índices são focados unicamente em sustentabilidade social.

Dos 51 índices examinados, quase todos incluem indicadores sociais, econômicos e ambientais. Contudo, apenas dois desses índices se concentram exclusivamente nos aspectos sociais da cidade. Outra percepção geral constatada é que a maioria dos índices avalia a cidade sob uma perspectiva externa, usando dados publicamente disponíveis e não, por exemplo, entrevistas qualitativas com os cidadãos.

Com relação ao interesse dos municípios em elaborar novos índices para medir a sustentabilidade social, os resultados mostram que menos da metade deles possui uma abordagem estruturada para medir sustentabilidade e, principalmente, a sustentabilidade social.

Das respostas, deduziu-se que o conceito de sustentabilidade social é menos claro para os municípios do que a sustentabilidade econômica ou ambiental. No entanto, há disposição para se trabalhar nisso. O relatório conclui que há interesse da maioria dos 11 municípios em participar do desenvolvimento de uma nova ferramenta com essa finalidade.

Em função disso, o IFPH criou um novo programa social para as cidades, cujo objetivo é desenvolver essa nova ferramenta de medição da sustentabilidade social, considerando a sinergia existente entre a área social e os demais setores.

Essa nova ferramenta será de grande utilidade para cidades localizadas em países desenvolvidos socialmente, como a Dinamarca, mas terá importância ainda maior para países em desenvolvimento, onde as questões sociais carecem de extremo cuidado e conhecimento aprofundado. Isso pode ser fundamental para a estruturação de uma sociedade mais justa e equânime nas cidades brasileiras, o que tanto almejamos.

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