Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Verticalização pode ser alternativa para diminuir enchentes

Edifícios ocupam menos espaço no solo, o que aumenta a área de absorção das águas da chuva

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Nos últimos anos, muitas cidades sofreram com enchentes. Elas provocam interrupção dos serviços públicos, danos às propriedades e, muitas vezes, mortes.

Tem-se concentrado muito esforço no desenvolvimento de abordagens eficientes para a determinação de índices de risco, baseados na localização das enchentes e integrados a mapas de inundação, a parâmetros socioeconômicos e a impactos na infraestrutura e nos serviços.

Contudo, para uma melhor compreensão dos efeitos das enchentes nas áreas urbanas, são necessárias mais pesquisas para revelar o impacto da distribuição desigual da vulnerabilidade, incluindo sensibilidade e capacidade de adaptação a catástrofes nas áreas urbanas.

Embora seja importante conhecer mais profundamente os riscos associados às enchentes, descobrir formas de minorar esse fenômeno pode ser fundamental para aumentar a resiliência da cidade contra enchentes e outros impactos climáticos.

Carro passa por alagamento e joga água em avenida
Alagamento na zona sul de São Paulo - Bruno Santos/Folhapress

As redes de drenagem devem ser projetadas para reconectar sistemas hidrológicos e ecológicos, aumentando assim sua capacidade de lidar com impactos súbitos e severos. Espaços precisam ser criados na cidade para armazenar água durante e imediatamente após chuvas de grandes proporções.

Esses armazenamentos, também chamados de piscinões ou esponjas urbanas, podem assumir a forma de praças de água temporárias em áreas específicas, bacias ou jardins nos telhados e estruturas de contenção ao longo das estradas. Vários tipos de áreas de armazenamento de água podem ser combinados para reduzir significativamente os impactos das inundações.

Na busca pela somatória de efeitos positivos que podem mitigar as consequências de chuvas torrenciais, o adensamento associado à verticalização pode ser uma alternativa importante. As vantagens desse modelo incluem a otimização do transporte público, com maior nível de proximidade a um ambiente econômico dinâmico, que gera empregos para a população local.

Além disso, evita a expansão urbana desnecessária e pode aumentar a área de absorção das águas de chuva por ocupar menos espaço no solo. Como os edifícios ocupam menos espaço no solo, parte de sua área remanescente e seus subsolos podem ser usados para armazenar água durante o período das chuvas e descarregá-la nas ruas posteriormente, de forma gradual.

Estudo elaborado por professores da USP (Universidade de São Paulo) –o geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, o engenheiro Júlio Cerqueira Cesar e o arquiteto Nestor Goulart Reis– concluiu que, se todos os terrenos na cidade de São Paulo onde não existem edifícios fossem verticalizados, seria possível reduzir a vazão das chuvas em cerca de 12%.

Não existe uma solução única que possa gerenciar completamente o risco de inundação em todos os tipos de áreas urbanas. As soluções selecionadas devem ser específicas para o local, pois aquelas que são eficazes em uma área podem não ser efetivas em outra. Contudo, um portfólio de soluções projetadas e naturais pode ser implementado em uma variedade de escalas nas áreas urbanas, e em edifícios de forma individualizada.

De acordo com a Agência Europeia do Ambiente, espera-se que as perdas anuais de inundações aumentem cinco vezes até 2050 e até 17 vezes até 2080. O fato é que medidas preventivas precisam ser postas em prática antes, e não depois.

De qualquer forma, não podemos deixar as soluções para atenuar os impactos das enchentes somente para os governos, ambientalistas ou planejadores urbanos. Cada um de nós deve assumir também sua parcela de responsabilidade para diminuir os desafios das inundações urbanas e fazer a nossa parte para minorar os efeitos das mudanças climáticas.

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