Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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A estruturação de municípios resilientes

Cidades devem combinar conceitos como boa infraestrutura, coesão social e identidade coletiva

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Mais do que nunca, hoje, as cidades têm se tornado áreas de densa concentração humana, e as previsões mostram que essa urbanização maciça continuará de forma muito intensa. Essa grande aglomeração de pessoas, combinada com desastres naturais ou causados pelo homem, e oriundos de mudanças climáticas ou decorrentes das dinâmicas sociais, torna os habitantes urbanos perigosamente vulneráveis.

Para reduzir os efeitos dessa ameaça e aumentar a segurança e o bem-estar de seus habitantes, as cidades têm de se tornar mais resilientes, preparando o metabolismo urbano para absorver choques e tensões gerados. Os municípios devem, ainda, estar organizados para se adaptar, resistir e se recuperar dos efeitos dos desastres. Mas não só isso. Eles devem ser capazes de compreender, prevenir e mitigar esses eventos, respondendo de forma a minimizar perdas e danos à vida, a propriedades, à infraestrutura, à atividade econômica e ao meio ambiente.

Panorama de Hong Kong, na China
Panorama de Hong Kong, na China - Navesh Chitrakar/Reuters

A Fundação Rockefeller e a empresa inglesa de consultoria ARUP Group Limited desenvolveram uma estrutura para cidades resilientes, que define o sistema ideal como robusto, redundante, flexível, inclusivo e integrado. Defendem, ainda, que a cidade, para ser resiliente, deve combinar liderança efetiva, boa infraestrutura, coesão social, identidade coletiva e relativa prosperidade.

Embora a conceituação da resiliência urbana esteja relativamente bem concebida, estruturas especificamente voltadas para a operacionalização da construção da resiliência carecem ainda de desenvolvimento. Em função dessa necessidade, pesquisadores da Universidade de Navarra, na Espanha, desenvolveram o Modelo de Maturidade da Resiliência (MMR), que objetiva prover as cidades com um guia para operacionalizar o processo de construção da resiliência. O modelo define a sequência dos estágios e um grupo de políticas que auxiliarão os municípios a descobrir sua atual etapa de maturação, identificando ações que necessitam ser implementadas para melhorar o nível de resiliência. O MMR foi desenvolvido com a ajuda de 40 especialistas multidisciplinares, de diferentes países europeus, com experiência em áreas estratégicas, operacionais e táticas envolvendo resiliência urbana.

O MMR fornece ferramentas para as autoridades locais tomarem decisões sobre a construção da resiliência numa cidade. O modelo define cinco estágios de maturidade sequenciais, pelos quais as cidades passam --inicial, moderado, avançado, robusto e vertebrado--, que vão dos processos pioneiros até a excelência em termos de resiliência.

Para cada estágio, está incluída uma lista de objetivos e são definidas as políticas que devem ser implantadas para que se atinjam esses objetivos em cada estágio. Além disso, o MMR define o papel das partes interessadas e envolvidas no processo de construção da resiliência, como governança multinível, provedores de infraestrutura crítica (estruturas essenciais para o funcionamento da cidade), voluntários, serviços de emergência etc.

Segundo os pesquisadores, o MMR contribui para a operacionalização da resiliência urbana por três razões principais. Primeiro, por facilitar o entendimento holístico do conceito de resiliência, propondo uma terminologia comum e considerando a resiliência como um objetivo multidimensional. Em segundo lugar, por possibilitar a melhoria da comunicação entre as partes interessadas, o que facilita o processo contínuo de discussão, aumentando a conscientização, o engajamento e o comprometimento. E, por último, identificando áreas que devem ser melhoradas, e dando suporte para o desenvolvimento de estratégias que fortaleçam o modelo de resiliência.

Olhando para o futuro, não é possível imaginarmos as cidades sem modelos e indicadores que as auxiliem na construção de processos eficientes de resiliência urbana. A estruturação do MMR certamente é mais um passo importante nessa direção.

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