Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Como tornar permanentes as lições aprendidas com a pandemia

Não podemos perder a chance de consolidar conhecimentos, para que a adaptação das cidades a eventos similares seja mais fácil

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Todas as experiências marcantes na vida de uma cidade deixam ensinamentos, que podem e devem ser apropriadamente considerados e utilizados para o planejamento futuro. A pandemia que vem assolando o mundo nos últimos meses –ainda não superada–, não é exceção.

Talvez, o primeiro aprendizado esteja vinculado a dar a devida importância aos eventos previsíveis que, mesmo com baixa probabilidade de ocorrência, envolvam riscos significativos para a população e possam mudar radicalmente a normalidade da vida urbana. Estamos numa era de pandemias, e é possível antecipar que outras virão nos próximos anos, com intensidade similar ou maior que a atual.

Dessa forma, afigura-se importante tornar permanentes, na medida do possível, as lições aprendidas, para mitigar nas cidades os efeitos prejudiciais de futuros eventos como esse. A mobilidade e a utilização dos espaços públicos são fatores que têm fundamental importância no processo de resiliência das cidades no que diz respeito a pandemias, e a adequada atenção a esses dois aspectos é fundamental para lidar com novas situações semelhantes no futuro.

A complexa ambiência nos momentos de uma pandemia, em especial no que diz respeito à saúde pública e aos desafios econômicos resultantes da necessidade de intervenções no funcionamento das cidades, exige ações urgentes para adaptar espaços públicos e a rede de transportes a esse cenário especial.

Entretanto, tendo em mente uma estratégia de longo prazo, pode ser importante tornar permanentes ações temporárias de urbanismo tático, que tenham sido bem-sucedidas nesse momento crítico. Esse é o foco de relatório publicado recentemente pelo ITPD (Institute for Transportation and Development Policy), que procura ajudar as cidades a usar essa ferramenta para alcançar uma visão mais ampla de mobilidade, ao realocar os espaços viários destinados aos automóveis, e investindo em áreas mais seguras e confortáveis para as pessoas.

O documento analisa projetos de urbanismo tático exitosos em seis cidades, com foco no processo, nas lições e nas oportunidades que permitem aos projetos temporários tornarem-se permanentes, com o objetivo de mantê-los e dimensioná-los para além da pandemia. Com base nesses estudos, são feitas recomendações para ajudar as cidades a tornar permanentes as lições aprendidas.

A primeira recomendação envolve o conhecimento claro dos objetivos da intervenção, e a possibilidade de alinhá-los com objetivos de outras políticas já implantadas na cidade, pois isso aumenta a chance de que essa intervenção perdure.

Outro aspecto considerado relevante é a colaboração entre a comunidade, o executivo e os demais envolvidos no projeto. Ações planejadas para a comunidade e construídas com a comunidade têm muito mais chance de prosperar e permanecerem a longo prazo.

Antecipar polos de resistência e procurar incluir os envolvidos no processo é outra recomendação importante. Algumas intervenções pontuais podem resultar na necessidade da mudança de comportamento para algumas pessoas, o que pode criar oposição ao projeto. É necessário que haja espaço adequado para o engajamento dessas pessoas durante a implantação dos projetos-pilotos e após a transformação em permanentes.

Finalmente, demonstrar os efeitos positivos da medida por meio da coleta de dados e disponibilização de informações. Histórias sobre as experiências positivas das pessoas e dados quantitativos que possam mensurar os benefícios são ações necessárias para tornar claro à comunidade a importância do projeto, além de fornecer evidências para apoiar a reprodução dessas intervenções em outras partes da cidade.

A verdade é que não podemos perder a oportunidade de consolidar os conhecimentos adquiridos ao longo desse processo, tornando mais fácil a adaptação das cidades a novos eventos pandêmicos.

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