Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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As superquadras como modelo para operação de veículos autônomos

Turim, na Itália, tem plano para se adaptar a uma frota 100% conectada até 2050

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O planejamento do transporte urbano pode desempenhar um papel fundamental no controle da transição para a era de Veículos Autônomos (VA), de modo a reduzir seus efeitos negativos e explorar as externalidades positivas. Nesse sentido, existe uma ampla gama de políticas de transporte e uso do solo que os governos locais podem adotar nos curto e médio prazos, entre elas, a integração dos VA em um sistema de transporte multimodal de alta qualidade.

Recente publicação das diretrizes europeias para o desenvolvimento e a implementação de um Plano de Mobilidade Urbana Sustentável (PMUS) fornece recomendações e melhores práticas para apoiar as cidades na introdução de VA, em seus processos de planejamento da mobilidade sustentável. O documento reconhece, entretanto, que até agora quase não existem planos estratégicos na Europa que abordem adequadamente os VA e seus impactos. Em seguida, recomenda abordagens preventivas e proativas no PMUS, a fim de priorizar, o mais rápido possível, não só a compatibilidade das cidades com a operação dos veículos autônomos, mas a sua associação com a qualidade de vida.

Essa lacuna no planejamento da operação dos VA levou pesquisadores do Politecnico di Torino, na Itália, a desenvolverem uma visão para 2050 baseada na ampla aplicação do modelo de superquadras, como forma de orientar a transição para a implantação dessa nova geração de veículos.

A definição de superquadras está vinculada ao conceito de unidades de vizinhança. O modelo proposto pressupõe nas ruas internas apenas o "tráfego de acesso", ou seja, viagens de automóvel, cujos destinos ou origens estão localizados dentro do espaço que forma a superquadra. As viagens de automóvel, cujos destinos ou origens estão localizados fora desse espaço, nas vias principais fora das superquadras, são desencorajadas.

A cidade de Turim foi escolhida para o estudo de caso por ter sido, em 2018, o primeiro município da Itália a lançar um projeto-piloto para testar VA em ambiente urbano real.

Na visão proposta para Torino, em 2050, espera-se que todos os veículos em circulação estejam totalmente conectados e autônomos. Nesse contexto, a expectativa é que exista a presença simultânea de veículos autônomos particulares e frotas de veículos compartilhados, e a cidade seja reorganizada em superquadras. A rede viária seria hierarquizada em dois níveis: uma rede principal de vias, externas às superquadras, com limite de velocidade de 50 km/hora, e uma rede secundária, vias internas às superquadras, cujo limite de velocidade não ultrapassaria 20 km/hora. Dentro de cada superquadra, somente poderiam circular os VA compartilhados ou aqueles pertencentes aos residentes locais.

As áreas de estacionamento nas vias seriam completamente removidas. Parte do espaço liberado seria dedicado a plataformas para facilitar o embarque e desembarque dos passageiros dos VA, e o restante reconfigurado para favorecer a mobilidade não motorizada e melhorar a qualidade do espaço público.

Parques de estacionamento multiníveis seriam implantados ao redor de cada superquadra. Os estacionamentos intermodais estariam localizados nos terminais das linhas de transporte público.
O serviço de transporte público se concentraria nas redes de metrô, e os ônibus circulariam em todas as vias da rede principal. Dentro das superquadras não haveria serviço de transporte público, exceto nas maiores, onde ônibus autônomos seriam utilizados como alimentadores das linhas principais.

Essa visão de futuro, importante para que possamos planejar a inevitável implantação dos VA nas cidades, nos ajudará a direcioná-la para a melhoria da qualidade de vida no ambiente urbano. Esse modelo de associação da mobilidade com a superquadra pode reformular os paradigmas de deslocamento pela cidade, colocando as pessoas e a sustentabilidade no centro do processo de planejamento.

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