Amou ou odiou aquele videozinho amador em que o ministro Ricardo Lewandowsky, do Supremo Tribunal Federal, é azucrinado por um advogado, ambos passageiros de um voo qualquer?
Sugiro que veja um vídeo que a Sky News britânica pôs no ar outro dia. Aí, você vai ter orgasmos de satisfação ou urrar de indignação.
O vídeo mostra o deputado Michael Gove (conservador) chegando ao Parlamento, perseguido por um Papai Noel, que lhe grita uma frase que 99,9% dos terráqueos gostariam de repetir a seus próprios políticos: “Você não sabe como pessoas normais vivem".
Repete a frase, ainda por cima tocando o famoso (e irritante) sino de Natal, para constrangimento de Gove, que não para para responder. Apenas balbucia alguma coisa inaudível.
O Papai Noel ainda acrescenta: "Você não tem a menor ideia de quais são os problemas deste país".
E, quando o parlamentar, já está entrando no prédio, o “bom velhinho” escande as sílabas de “envergonhe-se".
Agora que ninguém está nos ouvindo, confesse: quantas vezes você pensou em dizer a um deputado, senador, governador, presidente da República as mesmas frases com que Papai Noel sitiou o MP (Member of Parliament), como são chamados no Reino Unido? É bem mais pomposo, convenhamos, que deputado.
Suspeito que, nos 311 anos de existência do Parlamento britânico, se contado o período desde a unificação dos Parlamentos da Inglaterra e da Escócia, nenhuma de suas excelências ouviu um, digamos, comício tão terrível.
É um sinal dos tempos. Políticos não são, nos dias que correm, os exemplares mais admirados da raça humana. Que até Papai Noel traga a um deles um presente tão envenenado é consequência desse profundo desamor.
Se você se disfarçasse de Papai Noel e cruzasse com um político, o que diria? Palavrão não vale. A Foice, como os bolsonaristas chamam o jornal, por nossos notórios vínculos com o comunismo, é leitura de família.
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