Clóvis Rossi

Repórter especial, foi membro do Conselho Editorial da Folha e vencedor do prêmio Maria Moors Cabot.

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Clóvis Rossi

Até Papai Noel escracha político

Você não sabe como pessoas normais vivem

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Amou ou odiou aquele videozinho amador em que o ministro Ricardo Lewandowsky, do Supremo Tribunal Federal, é azucrinado por um advogado, ambos passageiros de um voo qualquer?

Sugiro que veja um vídeo que a Sky News britânica pôs no ar outro dia. Aí, você vai ter orgasmos de satisfação ou urrar de indignação.

O vídeo mostra o deputado Michael Gove (conservador) chegando ao Parlamento, perseguido por um Papai Noel, que lhe grita uma frase que 99,9% dos terráqueos gostariam de repetir a seus próprios políticos: “Você não sabe como pessoas normais vivem".

O conservador britânico Michael Gove, em Glasgow, na Escócia - Russell Cheyne/Reuters

Repete a frase, ainda por cima tocando o famoso (e irritante) sino de Natal, para constrangimento de Gove, que não para para responder. Apenas balbucia alguma coisa inaudível.

O Papai Noel ainda acrescenta: "Você não tem a menor ideia de quais são os problemas deste país".

E, quando o parlamentar, já está entrando no prédio, o “bom velhinho” escande as sílabas de “envergonhe-se".

Agora que ninguém está nos ouvindo, confesse: quantas vezes você pensou em dizer a um deputado, senador, governador, presidente da República as mesmas frases com que Papai Noel sitiou o MP (Member of Parliament), como são chamados no Reino Unido? É bem mais pomposo, convenhamos, que deputado.

Suspeito que, nos 311 anos de existência do Parlamento britânico, se contado o período desde a unificação dos Parlamentos da Inglaterra e da Escócia, nenhuma de suas excelências ouviu um, digamos, comício tão terrível.

É um sinal dos tempos. Políticos não são, nos dias que correm, os exemplares mais admirados da raça humana. Que até Papai Noel traga a um deles um presente tão envenenado é consequência desse profundo desamor.

Se você se disfarçasse de Papai Noel e cruzasse com um político, o que diria? Palavrão não vale. A Foice, como os bolsonaristas chamam o jornal, por nossos notórios vínculos com o comunismo, é leitura de família.

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