Colo de Mãe

Cristiane Gercina é mãe de Luiza e Laura. Apaixonada pelas filhas e por literatura, é jornalista de economia na Folha

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Colo de Mãe

A tênue linha entre o direito de não ter filhos e o ódio a crianças

Movimento livre de crianças extrapola, muitas vezes, a intolerância à infância e aos pequenos nas redes sociais

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São Paulo

Não querer ter filhos é um direito da mulher. Gostem ou não gostem os fundamentalistas. Não querer ter filhos é, inclusive, uma atitude muito corajosa em uma sociedade que vê a mulher como mera reprodutora e quer ser dona dos nossos corpos.

Ocorre que o direito de ter filhos é tão válido quanto. E ele precisa ser respeitado. A mulher que decide parir, cuidar, amar e educar outro ser humano é a maior responsável por ele, junto com o pai, mas não a única. Criar um novo ser humano é responsabilidade da comunidade.

Crianças são barulhentas e fazem bagunça, é parte da infância; ruim são adultos intolerantes - Fotolia

Em muitas tribos, crianças são respeitadas, acolhidas e fazem parte do grupo, sem preconceitos ou discriminações. Não é o que vem ocorrendo na nossa "tribo", especialmente na urbana. O movimento "childfree" (livre de crianças) é uma realidade que não só exclui como, muitas vezes, suscita a massa contra os pequenos.

E esse movimento cresce, especialmente nas redes sociais. Nele, não basta não ter seus próprios filhos, é preciso que os filhos dos outros também não existam, conforme dizem algumas postagens em redes sociais. O que se prega é um mundo sem crianças, que seria, para essas pessoas, um mundo de paz. Motivo? Crianças correm, gritam, choram, ou seja, têm atitudes humanas.

Para o grupo que prega o mundo livre de crianças, os únicos que podem berrar, bradar, fazer piadinhas sem graça e serem incômodos são os adultos. Esses mesmos que já foram crianças.

Antes, eu dizia que só ia onde minhas filhas eram queridas e não apenas suportadas. Hoje, vou a qualquer lugar mesmo, e queria ter até mais filhos só para ir a todos os lugares com crianças que fazem criancices.

Adoro, acho lindo, sou fã, me divirto. Não há nada mais rico no mundo que ver a visceralidade que vem de uma criança. É humanidade em seu estado mais bruto. Ver birra e falta de educação de adulto é que me incomoda. Um mundo com menos gente egoísta é que seria melhor.

Respeito quem não quer ter seus filhos, mas peço respeito também. Enquanto esse respeito não chega, combato excessos e deixo o recado: vai ter infância livre, sim. E vai ter mãe humana criando seres humanos, que choram, riem alto e são felizes. Gostem ou não.

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