A gravidez da atriz Cláudia Raia, aos 55 anos, deixou a internet em polvorosa ao ser anunciada nas redes sociais nesta segunda-feira (19). O anúncio ocorreu da forma mais moderna que existe hoje: com vídeo de dancinha no Instagram e publicidade para a empresa de teste de gravidez.
Até aí nenhuma novidade. Sabrina Sato e outras famosas também faturaram ao revelar a gestação por meio de um anúncio publicitário. A novidade no caso de Raia é que, ao anunciar a gestação, ela dá a entender que foi natural.
Claudia é mãe de dois filhos, Enzo, 25 anos, e Sophia, 19, de casamento anterior. Ela e o atual marido, Jarbas Homem de Mello, já haviam revelado, em entrevistas, sobre o congelamento de óvulos para uma futura gestação, mas, ao anunciar a gravidez, não mencionou a informação nem como realizou seu sonho em idade já avançada para os padrões reprodutivos.
Aos 55 anos, as chances de uma gravidez natural são praticamente nulas. É a época da menopausa, que traz o fim da vida reprodutiva da mulher. Com o avanço da medicina, esse ponto final da natureza pode ser contornado, mas não sem tratamento, por mínimo que seja.
No caso da atriz, informações são de que ela teria realizado FIV (Fertilização In Vitro), um dos caminhos mais normais e de sucesso hoje em dia para gravidez de mulheres mais velhas ou para as que sofrem com infertilidade.
Ocorre que o processo de reprodução assistida não é fácil. É caro e doloroso, com um caminho que pode levar ao sucesso ou não, e não está acessível para a maioria das mulheres. Demanda, além de muito dinheiro, tempo, dedicação, apoio psicológico, bons médicos e disposição do casal.
Quando qualquer mulher, seja ela atriz de grande sucesso ou não, diz às demais que, no seu caso, a gravidez foi uma "surpresa", como se a natureza tivesse lhe pregado uma peça, presta um desserviço e acaba não sendo justa com quem sonha há anos com um bebê.
O principal questionamento que essas mulheres fazem é: "por que eu não consigo?" Outro fator que pode atrapalhar é a mulher acreditar que, assim como Raia, poderá engravidar facilmente a qualquer idade, e protelar o tratamento que poderia levar ao sucesso. Em muitos casos, esse tempo é crucial para o sucesso do procedimento.
Volto a repetir que ninguém precisa revelar sua intimidade, mas moldar a realidade com uma história que não se sustenta é prejudicial. O triste é que atitudes como essa não são a primeira nem serão a última.
A lista de famosas que utilizam técnicas para engravidar e não as revelam, dando a entender que conquistaram a gravidez de forma natural, é grande, mas está nos bastidores. Médicos do setor conhecem cada nome.
É o mesmo comportamento dos anos 90, no qual modelos magérrimas em capas de revista diziam que a magreza era algo natural em suas vidas quando, na realidade, faziam dietas altamente restritivas, ditando um padrão escravizador.
Já conheci mulheres que engravidaram de forma tardia, sem tratamento, em casos muito raros, e nenhum deles após a menopausa. Mas o que mais acompanho são mulheres que tentam engravidar e não conseguem, mesmo estando em plena fase reprodutiva. Essas carregam, a cada teste negativo ou aborto, uma dor enorme, uma ferida na alma.
Parabenizo Claudia Raia pela gestação, por romper barreiras da idade. Amo crianças e a maternidade é meu esteio de vida. Celebro cada nova gravidez com muita alegria, mas realmente tiro meu chapéu para as que contam as dores e as delícias do processo de reprodução assistida, auxiliando tantas outras.
Peço a essas mulheres que continuem, pois cada depoimento é muito importante.
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