Colo de Mãe

Cristiane Gercina é mãe de Luiza e Laura. Apaixonada pelas filhas e por literatura, é jornalista de economia na Folha

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Colo de Mãe

Status materno: não aceito mais ataque disfarçado de conselho

Quem nunca criou uma criança não vai dar palpite na minha maternidade

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São Paulo

Eu sou uma pessoa bem tolerante, mas bem tolerante mesmo. E sou a diferentona que gosta de ouvir palpites. Mãe, sogra, avó, tia e amigas tinham —até semana passada— muita liberdade para me "aconselhar" sobre a criação de minhas filhas. O motivo? Há palpites que ajudam. Os ruins eu separava e jogava fora.

Até que fui surpreendida não por um palpite ou uma crítica construtiva, mas por um ataque disfarçado de conselho. Segundo a pessoa, a minha autoestima materna era baixa porque eu trabalho enquanto há mães que não trabalham e têm mais tempo de ficar com seu filhos —não vamos discutir o quanto se trabalha em casa na criação dos filhos porque tenho preguiça deste debate.

Mães se desdobram para trabalhar e criar filhos; até quando seremos atacadas? - Fotolia

Já fui chamada de chata, apegada, mãe romântica, fora da realidade, que não sabe educar e tantas outras coisas, mas ser chamada de mãe com baixa autoestima porque trabalha fora foi a coisa mais bizarra que ouvi em 15 anos de maternidade, dez deles em dose dupla.

Se há algo que eu tenho é autoestima materna. Eu me acho uma ótima mãe, embora falha e com defeitos como qualquer ser humano. Dou a vida pelas minhas filhas. Estudo cada detalhe do comportamento humano para tentar lidar com cada fase de minhas meninas, então, sim, eu me acho preparada para o papel que exerço.

Como a pessoa que falou tal coisa não tem filhos, eu decidi que desconsidero a partir de então qualquer palpite de quem não tem experiência na área. E não adianta vir com argumento de ser mãe de bicho ou mãe de planta. Não cola. Mãe de bicho é a fêmea da espécie animal que o pariu.

O que eu decidi não mais aceitar são ataques disfarçados de conselhos. Até quando seremos atacadas apenas por sermos mães? Já perceberam que qualquer pessoa se acha no direito de dizer o que devemos e como devemos fazer?

Chega. São muitos querendo interferir na nossa maternidade e poucos ajudando. Preste atenção ao seu redor: quantas tias e tios —postiços ou não— e demais amigos ou parentes levam seus filhos para passear, conversam, os ouvem ou ficam com eles para você descansar?

São poucos, com certeza. Bem poucos. Em muitos casos, são escassos ou inexistentes. Então, quem não ajuda não tem o direito de tentar determinar nenhum passo, nenhum pensamento, nenhum sentimento e nenhuma ação em nossas vidas.

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