Cristina Grillo é jornalista e advogada. Ocupou o cargo de Secretária de Redação da Sucursal do Rio da Folha.
O próximo passo
RIO DE JANEIRO - É fato que as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) instaladas pelo governo Sergio Cabral melhoraram a vida dos moradores de alguns morros cariocas e de seus arredores.
Diminuíram as batalhas entre traficantes, que mantinham desperta -e assustada- durante as madrugadas a parcela da população que vive na "área de influência" desses grupos.
Mas o tiroteio da quarta-feira na avenida Rio Branco, no centro da cidade, que resultou na morte de um PM e de um assaltante, mostra que ainda falta muito para resolver a questão da violência urbana.
Dois homens que roubavam celulares nas ruas são perseguidos por PMs. Um é detido, o outro agarra um transeunte para se proteger, atira à queima-roupa e mata o policial que ia em seu encalço.
Preso, aparentemente com ferimentos leves, é levado a um hospital num carro da Polícia Militar. Chega lá morto. O que aconteceu precisa ser investigado com rigor.
Não se pode permitir que os criminosos reprimidos pelas UPPs desloquem seu "trabalho" para as ruas da cidade -fenômeno ainda não confirmado nas estatísticas divulgadas pelo Instituto de Segurança Pública, mas que assombra as conversas dos cariocas.
Seria jogar fora todos os ganhos de um trabalho sério que vem sendo feito pelo secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.
Mas não se pode aceitar a perpetuação da antiga prática do "morreu ao dar entrada no hospital" -eufemismo usado nos casos em que o preso entra em um veículo do Estado sem ter, aparentemente, ferimentos suficientes para lhe custar a vida, e chega morto ao destino.
Como disse o cardeal Eugenio Sales, em entrevista à Folha no início do mês, às vésperas de completar 90 anos: "Bandido tem direitos humanos também. Não tem o direito de ser bandido, mas não pode ser injustiçado".
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