Cristina Grillo é jornalista e advogada. Ocupou o cargo de Secretária de Redação da Sucursal do Rio da Folha.
A casca de banana
RIO DE JANEIRO - Até 2014, ano da Copa do Mundo, estima-se que serão gastos R$ 657,5 milhões para reformar o terminal 1 e concluir o terminal 2 do Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim, no Rio, como informou caderno especial publicado por esta Folha no domingo.
A três anos do evento -e a cinco da Olimpíada do Rio-, apenas 7,9% deste valor já foi investido. Ainda há muito a ser feito e o tempo, assim como os aviões, voa.
"Inaugurado" em 1999, o terminal 2 do aeroporto não foi concluído até hoje.
O Portal da Transparência, do governo federal, informa que serão gastos R$ 386,2 milhões para, entre outras obras, concluir aproximadamente 63 mil metros quadrados de áreas ainda fechadas, entregues, diz o portal, "no osso".
Ainda pior do que ter um terminal de passageiros que, 12 anos após entrar em operação, não está concluído, é ver o estado da parte que funciona.
As paredes do hall dos elevadores do estacionamento estão imundas, pichadas.
Parte da sinalização que indica para qual andar o passageiro ou visitante deve se dirigir foi arrancada.
As latas de lixo estão abarrotadas, mostrando que há algum tempo não são esvaziadas.
Restos de embalagens, latinhas de refrigerante e garrafas vazias se acumulam. Sexta-feira passada havia uma casca de banana no chão, ao lado do elevador do segundo andar e da lixeira, onde não cabia mais nada.
Não é preciso gastar milhões para colocar isso em ordem.
Balde, vassoura e esfregão seriam de grande ajuda. Vigilância também, para impedir que mal-educados rabisquem as paredes e arranquem a sinalização.
Voltei ao estacionamento do aeroporto quase duas horas depois de ter visto a casca de banana no chão. Ela ainda estava lá.
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