David Wiswell

Escritor, roteirista e comediante americano

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Minha proposta para a crise climática é destruir o Sol

Única resposta é combater os flagrantes ataques do meio ambiente à humanidade na mesma moeda

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O aumento drástico de fenômenos meteorológicos erráticos e devastadores em todo o mundo nos últimos meses, como incêndios florestais, furacões, secas e ondas de calor ligadas ao aquecimento global, apontam para a necessidade de abordarmos essa questão imediatamente.

Minha proposta? Destruir o Sol.

Sol nasce atrás da torre de telecomunicações britânica, em Londres - Toby Melville - 10.jun.23/Reuters

Alguns dizem que as leis de ecocídio, que responsabilizam diretamente líderes de empresas quando estas causam enormes danos ambientais e são adotadas por cada vez mais países, são a resposta. Essas pessoas não compreendem para o que grandes mentes como eu (e a ExxonMobil) têm trabalhado há anos: se, como dizem os cientistas, o aumento da temperatura média global em 1,5°C significará que atingimos um ponto irreversível, a única resposta é combater os flagrantes ataques do meio ambiente à humanidade na mesma moeda, com a destruição capitalista e estratégica (além de altamente lucrativa) do planeta antes que ele destrua a nós, humanos!

Mas já que estamos aqui, o que são essas leis de ecocídio e como elas podem contribuir para melhorar a situação? Em 2021, um grupo de juristas internacionais definiu ecocídio como "atos ilegais ou injustificados cometidos sob ciência de que há uma probabilidade substancial de que estes causem danos graves e generalizados ou duradouros ao meio ambiente". Que, até onde sei, é exatamente o mesmo lema da ExxonMobil.

A organização Stop Ecocide International (SEI), algo como "interrompam o ecocídio", espera usar essa definição para criar um consenso global de leis que atinjam diretamente executivos de companhias poluidoras. Ela acredita que multar as empresas depois de elas poluírem o meio ambiente não reduz seu impacto ecológico, uma vez que elas parecem incorporar as sanções a seus modelos de negócios. Nesse sentido, a responsabilização jurídica pessoal seria a única forma de gerar mudanças.

Embora a maioria das principais empresas poluidoras seja do setor energético, a Amazon também é acusada de emitir grandes quantidades de CO2. É irônico que, para proteger a Amazônia, tenhamos que destruir... a Amazon.

Mas pergunto: como podemos saber que as empresas estão poluindo conscientemente? Alguns engraçadinhos respondem que um exemplo de prova seria uma fita que os malvados do Greenpeace têm de quando levaram um pobre lobista da ExxonMobil —o quarto maior emissor de carbono do mundo, de acordo com o Carbon Disclosure Project (CDP)— a se gabar inadvertidamente, numa entrevista falsa, de seus supostos esforços para suprimir evidências científicas sobre as mudanças climáticas por anos.

Isso pode parecer incriminatório, mas só se você confiar no que dizem os lobistas! Qual é a verdade, Greenpeace? Os lobistas são mentirosos que ocultam propositalmente evidências científicas, ou podemos acreditar nas acusações deles nesse caso?

Dez países têm leis sobre ecocídio hoje, e há dezenas de outros locais discutindo sua adoção, incluindo o Brasil e a União Europeia. As nações que até agora as possuem são responsáveis por menos de 8% das emissões globais, enquanto os Estados Unidos e a China (que juntos representam 41% das emissões) até agora as rejeitaram.

Para mim, a promessa dos EUA de gastar US$ 10 bilhões (R$ 50 bilhões) para reverter as emissões é suficiente! Alguns nerds apontam que grande parte desse valor é mal fiscalizado, foi suspenso ou acabou indo para luxuosos hotéis da rede Marriott com piscinas de borda infinita. Eles dizem que isso mostra que leis de ecocídio são necessárias para que esses países levem a questão ambiental a sério. Eu digo que você não entende o que é aquecimento global se não acha que uma piscina infinita ajuda a resfriá-lo.

A SEI espera que o crescente consenso de leis e discussões em fóruns internacionais aplique mais pressão sobre os países que ainda não as adotaram, ou talvez contribua para a criação de um tribunal internacional de leis ambientais, lançando luz sobre o tema do ecocídio. Ainda acho que podemos salvar a humanidade sem luz nenhuma se simplesmente... destruirmos o Sol.

Tradução de Luiz Roberto M.Gonçalves

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