Deirdre Nansen McCloskey

Economista, é professora emérita de economia e história na Universidade de Illinois, em Chicago

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Deirdre Nansen McCloskey
Descrição de chapéu PIB

A regra dos 72

Nos últimos 60 anos o PIB brasileiro real per capita subiu cerca de 2% ao ano

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Está na hora de falar e fazer um pouco de matemática, lançando grande luz sobre o crescimento econômico. Mas não se preocupe. Não é um exame. Ela é conhecida na economia como a regra dos 72. Toda pessoa que tem habilidade mediana com números deveria conhecê-la. A regra dos 72 é baseada em um fato. Se algo cresce 1% ao ano, leva cerca de 72 anos para conseguir dobrar de tamanho.

Por quê? Simplesmente é assim, por conta dos acréscimos sobre acréscimos. Pegue sua calculadora e multiplique 72 vezes 1,01 por 1,01. Vai dar 2,0. Acredite. O truque, então, é que algo que cresce ao dobro dessa velocidade, a 2% ao ano, vai evidentemente dobrar na metade de 72 anos, que são cerca de 36 anos.

Naturalmente. Se você correr duas vezes mais rápido, chegará a seu destino na metade do tempo.
E assim por diante. Se o índice de crescimento for 3%, a coisa que está crescendo —pode ser quantas bactérias aparecem numa placa de Petri por hora, quanto seu portfólio de ações cresce por década, quanto cresce o PIB brasileiro per capita por ano— vai dobrar em 72 divididos por 3, ou seja, 24 vezes a unidade de tempo em questão.

É tranquilo. Basta dividir 72 pela taxa percentual e você saberá, com taxas de juros usuais, quantos períodos de tempo algo levará para dobrar. Nos últimos 60 anos o PIB brasileiro real per capita subiu cerca de 2% ao ano, um crescimento um pouco mais rápido que o do mundo como um todo.

Logo, ele dobrou a cada geração longa de 36 anos, razão por que o fato de dobrar tem grande importância. Antes de 1800, o PIB per capita inglês cresceu, mas apenas 0,2% ao ano. Ele dobra em 72 divididos por 0,2, ou seja, a cada 360 anos. Então embarcou na escada rolante da duplicação a cada geração. Um crescimento de 2% não parece grande coisa, mas foi como os Estados Unidos cresceram de 1800 até hoje. Entre 1900 e 2008 o Brasil cresceu mais rápido: 2,40% ao ano, dobrando a cada 30 anos. Os netos podiam esperar.

A 1% ao ano, para a qual a taxa de crescimento caiu no geral entre 1999 e 2021, a duplicação se dá em duas gerações, não em uma geração longa a 2%, e os netos começam a ficar impacientes.
Eles ficam muito impacientes mesmo se ela cair para -1% ao ano, que é o que aconteceu na era de Dilma, Temer e Bolsonaro. Talvez essa seja uma razão para votar em Lula? Bem, na realidade, seria razão para votar em FHC.

Tradução Clara Allain

Erramos: o texto foi alterado

Texto anterior afirmava que "Basta dividir a taxa percentual por 72 e você saberá", mas com base na argumentação da própria autora, foi corrigido para "Basta dividir 72 pela taxa percentual e você saberá". 

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