Deirdre Nansen McCloskey

Economista, é professora emérita de economia e história na Universidade de Illinois, em Chicago

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Luta nos piquetes

Conquistamos a jornada de oito horas não com a luta, mas com mais produtividade

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Deirdre Nansen McCloskey

A maioria das pessoas pensa que nós, trabalhadores, podemos melhorar nossa situação por meio da "luta". Formar um sindicato, por exemplo, e lutar para forçar os patrões a nos darem mais dinheiro. Ou lutar para fazer o Estado aprovar uma lei determinando que os salários devem ficar acima de algum mínimo definido. Ou buscar conquistar condições de trabalho melhores através da... ahn... luta.

Meu colega Leon Fink, brilhante historiador do movimento trabalhista americano, me disse uma vez: "Sem sindicatos, ainda estaríamos trabalhando 12 horas por dia." "Não, Leon. Conquistamos a jornada de trabalho de oito horas não com a luta, mas com trabalhadores ficando muito mais produtivos, logo tão ricos que não queriam mais continuar a trabalhar 12 horas por dia." Leon deu uma risadinha e se afastou. McCloskey é tão conservadora! Ela é contra os trabalhadores. Afinal, é óbvio que conseguimos a jornada de trabalho de oito horas com a luta, fazendo greves, fazendo campanhas, abaixo-assinados, votando, protestando, certo?

Não. A teoria por trás das supostas "lutas" para elevar os salários ou melhorar as condições de trabalho reza que os patrões têm um grande monte de ouro na sala dos fundos. A tarefa dos sindicatos ou do estado é obrigar os patrões a abrir mão de parte desse ouro e dá-lo aos trabalhadores.

Assim, se você obriga os patrões a lhe dar seis semanas de licença-maternidade, por exemplo, o ouro sai da gaveta. Se você fizer greve pedindo salário mais alto, o ouro sai da gaveta. Se aprovar uma lei definindo a jornada de trabalho de oito horas, o ouro sai da gaveta.

É claro que essa é uma teoria maluca, até infantil. É a teoria que você tinha a respeito da carteira de seu pai quando você tinha seis anos de idade: que há uma quantidade ilimitada de dinheiro —basta pedir, ou lutar, para consegui-lo. É pensamento mágico. Mas muita gente acredita nisso.

Os patrões não têm o ouro. Eles ganham o dinheiro para pagar você, vendendo aos clientes aquilo que você produz. Se eles elevarem seu salário cada vez que você lutar, os consumidores na outra ponta vão pagar. E é claro que não vai demorar para pararem de pagar.

Então como os trabalhadores podem melhorar sua situação? Com inovações que elevam sua produtividade, para que os patrões possam lhes pagar mais, mas continuar operando. Salários e condições de trabalho são determinados pela oferta e demanda do mercado. Você ficará responsável pela oferta. A demanda é a produtividade. Nada de luta. Apenas um acordo.

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