Deirdre Nansen McCloskey

Economista, é professora emérita de economia e história na Universidade de Illinois, em Chicago

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Deirdre Nansen McCloskey

Meu herói escocês, Adam Smith

Em seu país, onde estatistas são maioria, ele é considerado 'conservador'

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Fui a Glasgow, na Escócia, para comemorar o 300º aniversário do nascimento, em 5 de junho de 1723, de meu herói, Adam Smith. Glorioso. Formado pelas Universidades de Edimburgo e Oxford, de 1751 a 1764 Smith foi professor de lógica e depois de filosofia moral na Universidade de Glasgow. Glasgow era como Bristol na Inglaterra, uma grande cidade comercial na costa oeste, que negociava tabaco e, infelizmente, escravos. Smith, assim como seu amigo David Hume, era amável e tinha muitos amigos na burguesia. Seu primeiro trabalho publicado foi um elogio a um falecido comerciante de Glasgow.

Smith não é muito considerado na Escócia hoje. Os escoceses são na maioria estatistas e consideram Smith um "conservador". Oh, não. Ele foi um grande e pioneiro liberal, altamente desconfiado dos poderes constituídos. Escreveu em "A Riqueza das Nações", em 1776: "É a maior impertinência e presunção (...) de reis e ministros fingir vigiar a economia de pessoas privadas". A influência do livro e dessa ideia central demorou a se desenvolver, forte na Grã-Bretanha do início do século 19 e nas primeiras repúblicas liberais da América Latina.

Ilustração de Adam Smith e a 'mão do mercado' - João Montanaro

Mas na década de 1870, mesmo na Grã-Bretanha, infelizmente, desenvolveu-se aqui uma reação estatista, um "Novo Liberalismo", que roubou o nome, mas era de fato o oposto do liberalismo de Smith. O novo liberalismo, também conhecido como socialismo e nacionalismo, ainda prospera e leva os escoceses a desdenhar de um de seus maiores filhos.

Smith era um homem adorável e ligeiramente estranho. Era conhecido por parar no meio de uma rua movimentada durante 20 minutos, congelado em um novo pensamento. Tive um colega assim na Universidade de Chicago, Arnold "Alito" Harberger, um grande economista, ainda vivo, que não receberá o Nobel que merece porque seus alunos, e os meus, enriqueceram o Chile. Sob Pinochet. Alito foi questionado em uma aula avançada em Chicago. Silêncio. Como Smith, ele está pensando. Ele vagueia até a janela, pensando. Cinco minutos. Ele se volta para os alunos: "Oh. Qual foi a pergunta?"

Pensar antes de falar ou escrever. Uma boa ideia. Seria bom que mais pessoas o fizessem –os escoceses, por exemplo. Eles podem aprender com um grande escocês a impertinência e a presunção do estado.

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