"A verdade é poesia." A verdade da física é uma matemática que os físicos costumam chamar de "bela".
O "Concerto para Flauta e Harpa" de Mozart é lindo e verdadeiro. Admirando uma urna grega, o poeta romântico inglês John Keats (1795-1821) declarou: "A beleza é verdade, a verdade, beleza –isso é tudo o que vocês conhecem na Terra e tudo o que precisam saber".
A economia real e verdadeira é assim, adaptada tanto ao mundo como às nossas ideias de simetria e persuasão. O grande economista A. C. Harberger (n. 1924), que, como eu, educou os Chicago Boys do Brasil e do Chile, gosta de dizer que uma boa peça de economia "canta".
A maioria das pessoas pensa que não gosta de poesia. Isso não é verdade, de fato, porque elas ficam fortemente comovidas pela letra das músicas, que é poesia. Na Grécia antiga, toda poesia era cantada, não recitada. Mas quando na escola as crianças são obrigadas a ler, não a cantar, "Os Lusíadas", o poema épico de Luís Vaz de Camões (1572), elas adormecem.
Ambas são verdades –que uma marca da verdade é sua beleza poética e que a resistência a tal verdade é generalizada. É lindo que oferta e demanda trabalhem juntas para determinar o preço e a quantidade da carne no Brasil. Mas as pessoas negam isso rotineiramente e oferecem sugestões para controles de preços, com resultados desagradáveis.
É lindo e verdadeiro que grande parte da nossa vida, como a língua portuguesa e os nossos padrões de amor e amizade, e grande parte da nossa vida econômica sejam o resultado de uma ordem espontânea, como a ordem espontânea de uma floresta.
No entanto, as pessoas negam isso rotineiramente, substituindo a beleza econômica por uma crença em políticas de cima para baixo, conduzidas por aquelas pessoas excelentes e sábias chamadas políticos.
É bonito, e verdadeiro, pela "paridade do poder de compra", que a taxa de câmbio do real brasileiro varie inversamente ao nível de preços brasileiros. No entanto, os políticos decisores negam isso e pensam que podem controlar cada um independentemente do outro.
É bonito, e verdadeiro, pela "equalização dos preços dos fatores", que o comércio externo de bens, de capital e de trabalho sejam substitutos um do outro. Mais uma vez, os decisores políticos negam isso.
É bonito e verdadeiro que a única forma de os salários reais subirem é por meio do crescimento da produtividade. Mas ...
Lindas e duras verdades. Delicie-se com elas.
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