Deirdre Nansen McCloskey

Economista, é professora emérita de economia e história na Universidade de Illinois, em Chicago

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Deirdre Nansen McCloskey

Regimes autoritários parecem permanentes, mas de repente eles caem

Parece que o gênio liberal saiu de dentro da garrafa; e não pode ser recolocado lá

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Talvez o liberalismo esteja começando a vencer. Na Polônia, no ano passado, uma coalizão de liberais e aliados expulsou os conservadores que imitavam os fascistas húngaros.

Vizinho do Brasil, Javier Milei, de uma forma absurda descrito algumas vezes como "conservador", iniciou uma trilha liberal para desmantelar as regulamentações de cima para baixo que transformaram os argentinos em filhos pobres do Estado.

Em outra nação também vizinha do Brasil, a engenheira venezuelana e mãe de três filhos María Corina Machado, uma liberal do mesmo tipo de Javier Milei e principal teórica da oposição ao fascismo de esquerda de Nicolás Maduro, continua escondida, mas desafiadora.

O partido que Corina Machado alimentou venceu, é claro, a eleição realizada em julho por uma margem enorme —o que até mesmo Lula, o bom amigo de Maduro, admite.

Ao norte, nos Estados Unidos, em menos de dois meses a população irá às urnas votar nas eleições presidenciais e parlamentares. Parece cada vez mais provável que a democrata Kamala Harris vai esmagar o republicano Donald Trump e seus aliados autoritários.

A oposicionista venezuelana María Corina Machado em entrevista virtual à imprensa - Gaby Oraa - 9.set.24/Reuters

Até mesmo os republicanos conservadores dos Estados Unidos, como Dick Cheney, o arquiteto da invasão do Iraque pelos EUA, estão se alinhando contra Trump.

Dois meses é muito tempo em se tratando de política. Talvez algo dê muito errado e os Estados Unidos deslizem para o campo autoritário, como Rússia, China e muitos países latinos. Mas, neste momento, eu aconselharia a apostar contra isso.

Em certo sentido, os autoritários em todo o mundo já perderam.

Se a única maneira de Nicolás Maduro, Vladimir Putin e Recep Erdogan permanecerem no poder é falsificando eleições, prendendo e assassinando opositores e recrutando policiais com inclinação fascista suficientes para reprimir protestos, então seus regimes são frágeis.

É verdade que os regimes autoritários parecem irremediavelmente permanentes. Mas então, de repente, eles caem, como tem acontecido com frequência desde 1989. Parece que hoje em dia o gênio liberal saiu de dentro da garrafa. E ele não pode mais ser colocado lá de volta —não permanentemente.

Em Myanmar, na Rússia e na Arábia Saudita o gênio está escondido. Mas, assim como María Corina Machado na Venezuela, ele emergirá triunfante. Aposte nisso.

Isto é, na longa luta que se dá desde 7 de setembro de 1822 —a propósito, feliz aniversário!— entre as duas palavras que foram inscritas mais tarde na bandeira republicana brasileira, o progresso liberal venceu a ordem autoritária.

Como disse em 1936 o economista britânico John Maynard Keynes (1883-1946), "o poder dos interesses pessoais é amplamente exagerado em comparação à invasão gradual das ideias".

A ideia de igualdade de permissão venceu gradualmente.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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