Dora Kramer

Jornalista e comentarista de política

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Nervos de aço

Lula e Lira se enfrentam cuidando para não romper pacto de convivência e funcionalidade

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Luiz Inácio da Silva adiou, mas finalmente entrou no embate pela sucessão de Arthur Lira na presidência da Câmara dos Deputados daqui a um ano e meio. Com o Orçamento de 2023 em jogo, na transição precisou aceitar a reeleição de Lira a fim de não construir um 7 a 1 na conturbada largada do governo.

Agora, diante de um cenário bem melhor, o presidente atua na toada de experts que consideravam que ele havia se entregado muito cedo e de maneira total ao controlador-geral dos deputados, reeleito com inéditos 464 votos no início do ano.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acompanha ao lado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a cerimônia de posse de Cristiano Zanin como ministro do Supremo Tribunal Federal, em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress - Folhapress

Lira, obviamente, detectou o movimento, e Lula tem consciência de que o, digamos, adversário, percebeu. Portanto, não há desavisados nem ingênuos nesse jogo em que um é Tom e outro é Jerry, não necessariamente com papeis similares na corrida de gato e rato.

Lula e Lira querem coisas diferentes, mas almejam um objetivo comum: a preservação dos respectivos poderes. Lato e stricto sensu. Ambos têm ciência da força do outro e por isso necessitam agir com cuidado sem dar a impressão de que estão fazendo o enfrentamento que realmente estão.

Para Lula é importante atrair a oposição, ainda que isso não se estenda até as disputas eleitorais. Para os oposicionistas é essencial não transitar na "seca" daqui até 2026. Sendo assim, o que vemos são movimentos para atender a interesses mútuos com sinais trocados numa guerra que requer nervos de aço.

Ao menos em público, Lira os têm mais firmes que Lula. O deputado manda os recados mais contundentes em tom macio que requer leitura de entrelinhas. Já o mandatário se ocupa em reafirmar sua autoridade de modo explícito.

Não será fácil o presidente minar a influência do deputado daqui até 2025. Entre outros motivos porque o atual acerto de governabilidade sustenta-se num pacto de boa convivência e eficaz funcionalidade entre Lula e Lira, cujo rompimento pode sair irremediavelmente caro ao Planalto.

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