O PT é um mestre na arte da sobrevivência. Partidos com muitos menos problemas que os enfrentados pelos petistas têm sido vítimas fatais da má administração de circunstâncias adversas e/ou dos próprios erros.
Não foram poucos os infortúnios enfrentados pelo sobrevivente de enormes escândalos, da dizimação da antiga cúpula, da prisão do líder maior e de fracassos eleitorais. Nada disso posto à mesa da consciência na forma de autocrítica.
Para o PT, qualquer que seja a questão é culpa sempre do outro. Sujeito oculto ou explícito, não interessa, desde que alguém que não seja do partido esteja na posição de candidato a réu. Político, jurídico ou eleitoral. Faz parte da precisão com que é executado o plano de seguir relevante apesar dos pesares.
Os iludidos da frente ampla se espantam e a direita adesista se irrita quando veem o PT aprovar uma resolução atacando diretrizes e parceiros do governo. De outra forja, não compreendem a lógica do embate permanente que mantém o partido vivo.
Por mais que não encontre respaldo na realidade e nas necessidades governamentais, a expressão "austericídio" para comparar rigor fiscal a suicídio político é um achado. Fornece matéria-prima à combatividade da militância. Não deixa morrer a chama que no PSDB apagou-se no vácuo de poder.
Lula e o PT não brincam em serviço e, nesta tarefa, atuam juntos. O presidente faz como Fernando Haddad diz que é para fazer, mas exorta o partido a dizer o oposto. Chama o centrão de raposa guardiã do "galinheiro" e, assim, dá a impressão de que não cedeu ao que de fato se rendeu.
Rendição tática a fim de recuperar terreno. Em São Paulo, Lula dá toda a força a Guilherme Boulos, tenta atrair Marta Suplicy no intuito de fincar bandeira no estado, antiga cidadela tucana. Se der certo, terá mais valor que todas as prefeituras que o PT não conseguir recuperar e a direita vier a conquistar.
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