O Congresso Nacional volta do recesso nesta semana mais hostil do que nunca em relação ao Planalto. O presidente da República teve um ano para ajeitar a base, fazer o que seria de se espertar de sua festejada competência política aliada à experiência dos mandatos anteriores, além de um aprendizado de escândalos decorrentes do convívio com o Legislativo escrito por linhas tortas.
Luiz Inácio da Silva (PT) teve outras prioridades em 2023 e dedicou-se a elas confiante na ideia de que o Senado lhe seria mais amigável e a Câmara estaria pacificada se não atrapalhasse a vida de Arthur Lira (PP-AL) na renovação do comando da Casa.
Lula não levou em conta a mudança dos ventos dentro e fora do Parlamento. Iludiu-se com a boa vontade inicial e apostou todas as fichas no jogo da atração via cargos e emendas.
Pois eis que 2024 se inicia em ambiente de cobrança por acordos não cumpridos e por ampliação de acertos tidos como insuficientes ante o apetite insaciável que não diferencia governistas de oposicionistas.
As coisas caminharam bem enquanto as pautas do Planalto coincidiram com o pensamento da maioria. Quando houve confronto de convicções, o governo foi derrotado ou precisou recuar. Não é trivial a derrubada de 53% dos vetos presidenciais nem a imposição de um acréscimo de R$ 4 bilhões num fundo eleitoral para o qual o presidente havia proposto R$ 938 milhões.
É consenso explícito no Congresso que dias piores virão. Há uma eleição à vista e nela os partidos ditos da base deixarão claro o descompromisso com fidelidades governamentais. Há também neste ano a disputa pela troca de presidências da Câmara e do Senado logo no início de 2025.
Uma briga de oposicionistas que permeará 2024 e da qual o Planalto será espectador inativo. Uma vez tendo a força, o Parlamento não desistirá do poder amplificado. Não fará concessões e vai escolher sucessores de Lira e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) que lhe permita seguir na toada da pressão.
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