A terceira vaga está aberta e vários atletas são postulantes. Essa informação, confirmada pela CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), serve de incentivo para os atletas brasileiros que sonham com uma vaga olímpica na maratona. O índice de qualificação exigido pela World Athletic (ex-Federação Internacional de Atletismo), responsável pelo evento nos Jogos Olímpicos, continua sendo 2h11min30.
Com a temporada para obtenção de índices sendo retomada no próximo 1º de setembro, ainda há algumas dúvidas sobre os regulamentos da maratona. A World Athletic ainda estuda, por exemplo, o total de vagas que estarão disponíveis.
Inicialmente, a prova deveria contar com 80 participantes, mas o quadro deve ser ampliado, como ocorreu na Olimpíada do Rio-2016. Com o limite de três atletas por país, a terceira vaga ficará na dependência de uma combinação de resultados obtidos em provas reconhecidas pela World Athletic e da pontuação no ranking mundial.
Dois brasileiros (Paulo Roberto Paula e Daniel Chaves) já estão com vagas encaminhadas, mas não garantidas, com marcas obtidas para os Jogos que seriam disputados em 2020 e que acabaram adiados para meados do ano que vem por causa da pandemia da Covid-19. Irão para Tóquio os três atletas mais velozes. No feminino, não tem brasileira classificada.
O queniano Eliud Kipchoge venceu a maratona nos Jogos do Rio, os mais recentes, e desponta como favorito na edição japonesa da prova. Ele é na atualidade o concorrente mais destacado mundialmente na especialidade. Etíopes e quenianos sempre largam como favoritos.
O atletismo do Brasil conta com bons maratonistas no masculino e é fraco no feminino. Mesmo assim, as chances de um brasileiro ganhar medalha serão remotas em Tóquio. Independentemente dessa hipótese, a especialidade evoluiu por aqui nas últimas décadas. Chegou ao pódio olímpico em Atenas-2004.
Quem não se recorda do bronze de Vanderlei Cordeiro de Lima? Líder da prova até o km 35 (o percurso é de 42,1 km), o brasileiro foi atacado estupidamente por um desequilibrado, e fanático, o ex-padre irlandês Cornelius Horan, que invadiu a rua, jogando-o para fora da pista.
Vanderlei, naquele instante, tinha de 25 a 30 segundos de vantagem sobre os demais concorrentes. Apesar da interrupção, o brasileiro seguiu na ponta, sem nada entender, mas perdeu tempo e ritmo, sendo ultrapassado por dois rivais.
Lamentando o absurdo episódio, o COI (Comitê Olímpico Internacional) homenageou Vanderlei com a Medalha Pierre de Coubertin, a maior condecoração de cunho humanitário concedido pela entidade.
O plano inicial dos organizadores indicava a disputa das maratonas masculina e feminina em Tóquio. Antes do adiamento dos Jogos, alegando preocupação com a saúde dos participantes por causa do forte calor estimado para o período da competição, o evento foi transferido para Hokkaido, região norte do arquipélago japonês, onde as temperaturas costumam ser seis graus mais baixas.
O COI defendeu a proposta da mudança de local. Mesmo assim, os atletas enfrentarão o calor naquela localidade. Os classificados brasileiros que enfrentam a temporada de frio das últimas semanas usam máscaras na preparação. Estão acostumados com treinos no inverno europeu.
Paulo Roberto de Paula, 40, acumula a experiência de duas participações olímpicas (8º colocado em Londres-2012 e 15º na Rio-2016). Treina sob orientações do irmão gêmeo Luís Fernando. No momento, realiza treinamento de manutenção em Dracena, no interior paulista. Corre 10 km diariamente, no período da manhã, depois à tarde auxilia o irmão, que ministra aulas de corrida de rua.
Os planos da dupla indicam a possibilidade de retorno no final do mês que vem ao Porto, em Portugal. Lá, costuma aprimorar seus preparativos e tem residência, medida adotada para facilitar a participação em competições na Europa. A intenção é disputar uma prova até dezembro, mas não tem nenhuma confirmada. A preocupação tem sido o aquecimento antes dos treinos para evitar contusão..
Daniel Chaves chegou a passar dois anos em um centro de treinamento da Holanda, quando aproveitou para observar a preparação de atletas experientes. Aos 31 anos, ainda não competiu na maratona dos Jogos Olímpicos.
Decepcionado com resultados e contusões depois de quase ter obtido vaga quatro anos atrás na Olimpíada do Rio, ele enfrentou um forte quadro de depressão. Recuperou-se e retomou os treinamentos, realizados em área rural de Brasília. Garantiu o índice na maratona de Londres, ano passado.
Em entrevistas, o técnico Jorge Luís da Silva, responsável pela preparação de Daniel, declarou que a preparação tem sido facilitada por ser realizada na zona rural, local de moradia do atleta, na região de Brasília.
A maratona masculina, um símbolo olímpico, é disputada tradicionalmente no último dia dos Jogos. Uma medalha seria grata surpresa, embora uma boa colocação também valerá comemoração do atletismo brasileiro.
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