Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Tênis de mesa do Brasil empolga com desempenho das meninas

Expectativa é que elas formem uma equipe muito forte para a Olimpíada de Paris-2024

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O futebol encanta o brasileiro o tempo todo. Outros esportes dividem a atenção dos esportistas em momentos especiais, principalmente em Olimpíadas e Mundiais. Nesse grupo de modalidades, uma provável futura atração busca seu espaço: o tênis de mesa nas disputas entre mulheres. Situação inimaginável até pouco tempo atrás.

Nada se espera delas a curto prazo, mas a expectativa é de uma forte equipe na Olimpíada de Paris-2024. Como um setor pouco expressivo de uma especialidade esportiva ainda incipiente no país pode vislumbrar cenário de sucesso?

Não se trata de milagre. A avaliação tem como ponto de partida os resultados obtidos nos últimos tempos por atletas muito jovens. Três delas se destacam: as irmãs Takahashi (Giulia, 15, e Bruna, 20) e Laura Watanabe, 16.

Bruna é a brasileira mais bem colocada no ranking mundial (47ª) e a primeira mesatenista nacional a entrar na lista das 50. Ela está treinando em Portugal. Giulia, apesar da pouca idade, já participa de competições de adultos e lidera o ranking mundial da sua categoria, a sub-15. Laura, juvenil, desponta em disputas internacionais.

O setor tem outras competidoras com nível para defender a seleção brasileira, como Carolina Kumahara, que joga na Espanha, e Jessica Yamada, que vive no Brasil, mas atua em eventos na Suécia. Todas as atletas citadas acima integram a seleção nacional, comandada por Hugo Hoyama, ganhador de muitas medalhas na sua época de jogador.

Por enquanto, a esperança de um bom resultado na Olimpíada de Tóquio, com abertura prevista para julho do ano que vem, concentra-se no torneio individual masculino, com Hugo Calderano, que ocupa a 6ª posição na lista dos destaques da federação internacional do esporte.

Bruna Takahashi com a medalha de bronze individual no tênis de mesa do Pan-Americano de Lima, em 2019
Bruna Takahashi com a medalha de bronze individual no tênis de mesa do Pan-Americano de Lima, em 2019 - Divulgação/COB

Nono colocado na Olimpíada do Rio, em 2016, Calderano vive em Ochsenhausen, na Alemanha, onde desde 2014 tem apoio do clube local e conta com orientação de Jean-René Mounie, consultor técnico da CBTM (Confederação Brasileira de Tênis de Mesa).

Há muita expectativa na seleção masculina por conta de Vitor Ishiy, que joga na França, mas treina com Calderano na Alemanha. Ele registrou uma evolução espantosa, saltando do posto 121 do ranking mundial para o 58.

Outros astros do time também estão entre os 100 da lista. São eles Gustavo Tsuboi, 44 do mundo e segundo do Brasil, e Erick Jouti, 88 do ranking, além do experiente Tiago Monteiro, 84º colocado. O cubano Francisco Arado, conhecido pelo apelido de Paco, é o técnico da equipe nacional masculina.

Calderano tem participação assegurada na Olimpíada no Japão por ter conquistado a medalha de ouro no torneio individual do Pan-Americano. Cada país classificado terá três representantes por gênero em Tóquio. As vagas estão abertas e serão definidas no primeiro semestre de 2021, tendo como critério a classificação dos atletas no ranking mundial e um por indicação do técnico da seleção.

O tênis de mesa, bastante desenvolvido nos países orientais, entrou na Olimpíada em Seul-1988. Orientais lideram amplamente o ranking internacional e os pódios olímpicos e mundiais. A China domina o bloco frequentado pontualmente por representantes de Singapura, da Coreia do Sul e do Japão. Países europeus às vezes aparecem discretamente nas listas, mas quase sempre com atletas orientais naturalizados.

No Brasil, o tênis de mesa chegou a ter alguma visibilidade na década de 60, com Ubiraci da Costa, o Biriba, então 19º no mundo. Depois chegou a alcançar um modesto destaque com Cláudio Kano e Hugo Hoyama, principalmente nos Jogos Pan-Americanos.

A CBTM (Confederação Brasileira de Tênis de Mesa) está empenhada na tentativa de despertar o interesse pela prática da modalidade no território nacional. Para tanto, alterou sua estrutura na busca pela ampliação do quadro atual de 316 clubes filiados e 4.000 atletas.

A ideia inicial da reformulação, bastante otimista e talvez exagerada, projeta atingir a casa de 50 mil praticantes. O plano está em andamento e, entre outros pontos, visa atrair ligas regionais (dez já aderiram) que não tinham vínculo com a confederação. Elas passam a participar dos eventos, mas não votam nas assembleias da entidade e seus atletas entram no ranking oficial.

A proposta de inclusão abre uma porta também para o repúdio aos preconceitos, quaisquer que sejam, e para os praticantes de ping-pong, a versão mais de lazer do tênis de mesa. Atrair a participação feminina é outro ponto a ser incentivado.

Planos não faltam. Executá-los é o passo mais difícil e complicado. Sem estardalhaço, o tênis de mesa busca projeção, torcendo para uma boa campanha em Tóquio e outra melhor ainda em Paris. Ou será tudo apenas um sonho?

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