Os Jogos Olímpicos de Tóquio terminam no domingo (8) com a tradicional cerimônia de encerramento.
Esse pouco tempo que resta, porém, não serve de alívio para os responsáveis pelas Olimpíadas. Como a pandemia de Covid continua a galope, os Jogos, repletos de emoções, foram um risco desnecessário?
Primeiro, o coronavírus provocou o adiamento do evento por um ano. Depois veio um longo período de dúvidas sobre o controle ou não da pandemia para que a competição, que envolveu mais de 50 mil pessoas, fosse confirmada. Finalmente, Tóquio recepcionou os participantes vindos de todas as partes do planeta, e as disputas aconteceram.
Drásticas medidas de segurança garantiram o feito. Uma delas, por exemplo, impediu que os locais de competição recebessem torcedores. Outra norma exigiu testes permanentes dos envolvidos no evento. Quem garantiria, sem margem de erro, que isso daria certo?
Aparentemente, o plano funcionou, mas está deixando incertezas no ar. As Olimpíadas não teriam sido um terrível desafio que os organizadores, comprometidos com investimentos de patrocinadores, decidiram assumir apesar da pandemia? Além disso, quem garante que participantes dos Jogos não tenham levado o vírus para seus países de origem?
A pandemia e as variantes dela estão matando pessoas em todos os cantos. Como saber da origem dos casos? As infecções chegaram a distantes rincões antes dos Jogos. E continuarão aparecendo depois.
Em Tóquio, o órgão organizador das Olimpíadas revelou na sexta-feira (6) que mais 29 pessoas associadas aos Jogos tiveram resultado positivo para Covid-19, elevando o total desde o início de julho para 387. Ocorre que muita gente pode ter sido contaminada e deixado o país.
Após competir, os atletas tiveram cerca de dois dias para sair do Japão. Será que daria para diagnosticar uma contaminação nesse tempo?
A mídia japonesa informou que, segundo o comitê organizador, um dos casos recém-confirmados de Covid é o de um nadador artístico grego. Entre a equipe de 12 membros do país, seis nadadores artísticos receberam diagnóstico de coronavírus, fato que o comitê considera como um surto de "cluster".
Um número de casos de uma doença, em uma determinada área e período, independentemente de o número ser maior que o esperado, é denominado de “cluster” ou “agregado de casos”. Essa definição está no site da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo.
Em estado de emergência, o Japão luta contra a pandemia. O governo de Chiba, perto de Tóquio, deverá cancelar o segmento de revezamento da tocha das Paraolimpíadas, que começam no próximo dia 24, outro obstáculo para os japoneses.
Pela primeira vez desde o início da pandemia, Tóquio passou, na última quinta, da marca de 5.000 casos diários (5.042) de Covid-19, superando o recorde anterior, de 4.166, registrado um dia antes.
O ministro para a Gestão da Emergência de Covid-19, Yasutoshi Nishimura, afirmou que a disseminação da variante delta é a principal responsável pela alta. Desde o início da crise sanitária, o Japão tem pouco mais de 979 mil casos confirmados de Covid-19 e 15,2 mil vítimas.
A Covid-19 é avassaladora. Não se deve desafiá-la em nenhuma circunstância, como fizeram os japoneses e o COI (Comitê Olímpico Internacional). Afinal, vidas humanas estavam em jogo.
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