Nos meios olímpicos não soa estranho quando alguém diz que as Olimpíadas podem acontecer apenas com o atletismo, nunca sem ele. Concordo. A modalidade tem um pouco de tudo. Reúne disputas de corridas, corridas com obstáculos, saltos, lançamentos, arremessos e provas combinadas.
É esporte abrangente para a educação física humana. Talvez isso explique em grande parte as emoções que provoca. Com brilhantismo, a modalidade já mostra todo o seu fascínio nos Jogos de Tóquio.
No mundo todo, pelas suas características de assimilação natural pelo homem, o atletismo é bastante difundido, e o seu nível técnico, muito elevado. Daí ser motivo mais do que justificável para comemoração o fato de um atleta chegar a uma semifinal ou entre os oito finalistas.
Medalhas sempre ilustram os prognósticos da delegação nacional, especialmente da cartolagem. Mas, via de regra, acabam ficando só na esperança. O Brasil estreou com uma equipe de atletismo nos Jogos de Paris-1924. A participação quase centenária, porém, rendeu apenas cinco medalhas de ouro em 17 pódios.
Quatro delas foram nos saltos, e a quinta aconteceu nos 800 m com Joaquim Cruz, em Los Angeles-1984. Os saltadores de ouro: na distância, Maurren Maggi, em Pequim; no triplo, Adhemar Ferreira da Silva, em Helsinque e em Melbourne; e, na vara, Thiago Braz, no Rio.
O país soma ainda cinco outros saltos com medalhas: três no triplo, uma de prata de Nelson Prudêncio, no México; e três de bronze de Nelson Prudêncio, em Munique, e de João Carlos Oliveira, em Montreal e em Moscou. Completando a série: na distância, uma de bronze de José Telles da Conceição, em Helsinque.
Há cinco anos, nos Jogos do Rio, o atletismo ficou apenas com o pódio de Thiago Braz. Mas, novamente, aquele foi um momento especial, pois o ouro veio com recorde olímpico, na vara, especialidade tradicional, embora sem sucesso no Brasil. O atleta de Marília, no interior paulista, cravou a marca de 6,03 m.
Ele havia entrado discretamente na disputa, sem que nenhum especialista tivesse ousado apontá-lo como favorito. Era apenas um atleta em evolução e saiu glorificado da competição.
Nunca mais repetiu o resultado, mas passou a figurar entre os favoritos nas suas provas. Em Tóquio, Braz tenta garantir uma vaga na final, prevista para a próxima terça (3). O francês Renaud Lavillenie, ex-recordista mundial e protagonista ao lado do brasileiro naquela oportunidade no Nilton Santos, está no Japão. No Rio, o último salto foi dele, que falhou, uma tentativa de 6,08 m.
Quem não se lembra? Lavillenie ficou irritado com a derrota e reclamou muito da postura da torcida brasileira que o havia vaiado durante o confronto, prejudicando a sua concentração.
No momento, a nova sensação da especialidade é o sueco Armand Duplantis, atual recordista mundial com as marcas de 6,15 m em recinto aberto e 6,18 m em ambiente fechado (indoor).
Lamentavelmente, nestes Jogos, o americano Sam Kendricks, bronze no Rio e bicampeão do mundo, está fora em razão de um teste positivo no Japão para Covid-19. Apesar disso, espera-se um tira-teima emocionante, desta vez sem torcida, proibida nos estádios devido à pandemia.
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